Brasil, 8 de setembro de 2025
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Temores de dominância fiscal nos EUA crescem com dívida alta e ataques de Trump

Dívidas elevadas e uma política fiscal fragilizada alimentam preocupações sobre o controle da inflação nos EUA

Os Estados Unidos enfrentam um cenário fiscal delicado, com uma dívida e déficit públicos em níveis históricos, enquanto ataques de Donald Trump ao Federal Reserve (Fed) aumentam os temores de que o país possa estar entrando em um processo de dominância fiscal. Especialistas alertam para os riscos de um ajuste fiscal necessário, mas difícil de ser implementado na conjuntura política atual.

Crise fiscal e o risco de dominância fiscal nos EUA

O governo americano apresenta um déficit previsto para encerrar 2025 em US$ 2,4 trilhões, o equivalente a 8,2% do PIB, que é o maior desde os anos recentes. A dívida pública atinge 120% do PIB, cerca de US$ 36 trilhões, podendo chegar a 130%, segundo o economista Sergio Vale, chefe da MB Associados. Mesmo com crescimento econômico, a situação permanece complexa, especialmente diante da polarização política e da ausência de consenso para um ajuste fiscal efetivo.

A política monetária e os efeitos sobre a dívida

Desde dezembro de 2024, o Fed mantém os juros entre 4,25% e 4,5%. A alta dos juros, porém, eleva o custo da dívida, dificultando a redução do déficit. Segundo Vale, a polarização política e a estrutura de gastos reduzida dificultam qualquer avanço em políticas de arrecadação, algo que o governo Trump tem evitado ao longo dos anos.

Ataques de Trump ao Fed e propostas de revisão

Donald Trump intensificou seus ataques ao banco central americano, incluindo o pedido para uma revisão total do Fed, defendido pelo então secretário do Tesouro, Robert Bessent, conforme artigo publicado no Wall Street Journal. Essas declarações aumentam o risco de pressões políticas sobre a instituição, potencialmente comprometendo sua autonomia.

Impactos fiscais e o papel da dívida na economia americana

O projeto fiscal aprovado pelo Congresso por Trump prolonga desonerações fiscais, elevando a dívida acumulada em dez anos para cerca de US$ 3,7 trilhões. Além do impacto interno, especialistas destacam que o aumento das taxas de juros e a maior dívida podem gerar expectativas inflacionárias maiores, limitando o poder do Federal Reserve de controlar a inflação no futuro, explica Solange Srour, diretora de Macroeconomia para o Brasil no UBS Global Wealth Management.

Perspectivas e fatores que sustentam a estabilidade atual

Embora o cenário seja de fragilidade, o mercado reagiu timidamente às tensões, sustentado pela demanda global por títulos americanos considerados porto seguro e por investimentos em tecnologia e inteligência artificial, que elevam a produtividade e potencial de crescimento dos EUA. Assim, a demanda por títulos mantém os juros baixos, mesmo com a situação fiscal difícil, aponta Solange.

Gastos militares, envelhecimento e tensões globais

Outros fatores que influenciam a dívida incluem os gastos crescentes com saúde e seguridade social devido ao envelhecimento populacional, além dos aumentos nos gastos militares na Europa. A combinação de dívida elevada e aumento de custos cria incentivos políticos para que governos pressionem os bancos centrais pela redução das taxas de juros, como destacou Kenneth Rogoff, ex-economista do FMI e professor de Harvard.

Pressão global e a relação com inflação e juros

Segundo Solange, o mundo menos globalizado enfrenta o aumento da inflação devido às tensões geopolíticas e tarifas comerciais. “Se a transação comercial for limitada, haverá mais inflação e juros mais altos”, afirma. Países como Japão e membros da União Europeia também acumulam dívidas elevadas, ampliando os riscos de instabilidade financeira global.

Implicações futuras e o cenário internacional

Outra preocupação é a possibilidade de aumento dos juros globais, impulsionada pela pressão política para reduzir custos, especialmente em um contexto de crescimento dos gastos públicos. Tony Volpon, professor na Georgetown University, lembra que nenhum país conseguiu ajustar suas finanças pós-pandemia, devido às altas taxas de juros mundiais.

Com o nível de endividamento elevado e uma economia global cada vez mais fragmentada, a luta pela manutenção do equilíbrio fiscal e monetário permanece central nos debates econômicos internacionais, com riscos de aumento na inflação, juros elevados e instabilidade política, conclui a especialista.

Fonte: O Globo

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