A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, promoveu uma reunião na manhã de hoje com ministros de partidos do Centrão no Palácio do Planalto. O encontro tem como objetivo principal discutir estratégias para enfrentar a aprovação de um projeto de lei que propõe a anistia a indivíduos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro. Com a perspectiva de um cenário político conturbado, a ministra busca unir as forças governamentais contra a proposta que tem ganhado apoio entre algumas bancadas.
A participação do Centrão na reunião
O encontro deve contar com a presença de ministros de partidos como MDB, PP, União Brasil, PSD e Republicanos. A intenção é reunir aqueles que possuem ligações diretas com as bancadas da Câmara e do Senado. Além disso, espera-se a participação de ministros de partidos de esquerda, como o PT, PSB e PDT, bem como líderes do governo no Parlamento. Essa coalizão é vista como essencial para barrar o projeto de anistia, que pode beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro e anular possíveis condenações referentes à sua suposta participação nos eventos de janeiro.
Pressão crescente na Câmara
Nos últimos dias, a Câmara dos Deputados intensificou a pressão a favor de um projeto que favorece Bolsonaro, com o apoio explícito das cúpulas nacionais de PP, União Brasil e Republicanos. Esses partidos contam com um apoio significativo em suas bancadas, o que eleva o potencial de aprovação da proposta. Por outro lado, dentro do PSD, há um cenário de divisão, com opiniões polarizadas sobre a anistia.
No MDB, mesmo que a cúpula tenha se posicionado contra a anistia, existem grupos que defendem a proposta, especialmente nas regiões Sul e Centro-Oeste. O PL, por sua vez, pressiona para que a anistia também inclua a reversão da inelegibilidade de Bolsonaro, uma demanda que enfrenta resistência de partidos do Centrão, que preferem focar na revogação da condenação referente aos atos de janeiro.
Estratégia do governo para mitigar a proposta
Em resposta ao crescente apoio pela anistia, o governo pretende mobilizar os ministros de partidos aliados para enfraquecer essa tendência no Congresso. Gleisi e sua equipe buscam que esses integrantes do governo, muitos dos quais são deputados e senadores licenciados, atuem dentro de suas respectivas bancadas para evitar um consenso que permita que o projeto seja pautado.
Também é importante mencionar que a insatisfação com o governo atual tem contribuído para a consolidação do apoio à anistia, segundo membros do governo. Eles reconhecem a necessidade de o Palácio do Planalto resolver algumas questões pendentes, como a aceleração na liberação de emendas, para apaziguar as pressões dos bolsonaristas.
Prioridades do governo e desenvolvimentos políticos
A reunião de hoje também aborda as pautas prioritárias do governo no Congresso para o segundo semestre, entre elas, um projeto que isenta de Imposto de Renda quem ganha até R$ 5 mil, além da PEC da Segurança Pública e medidas provisórias que estão prestes a perder validade. Embora diversos temas estejam em discussão, a anistia se destaca como o principal tópico de preocupação.
O presidente da Câmara, Hugo Motta, que tem dado sinais contraditórios em relação à anistia, se reuniu recentemente com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. Tarcísio é visto como um potencial candidato à presidência em 2026, e a anistia pode ser uma estratégia para conquistar o apoio de Bolsonaro. Contudo, Motta mencionou que o apoio à anistia aumentou entre os líderes, mas, dois dias depois, destacou que ainda não há acordo sobre o texto, optando por adiar as votações na Câmara.
Como desdobramento político, Motta também participou do desfile de 7 de Setembro promovido pelo governo federal ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ocasiões em que foram manifestados diversos protestos contra a anistia.
Próximos passos e expectativa
Por fim, a expectativa é que a discussão sobre o projeto de anistia ocorra apenas na próxima semana, após o julgamento da trama golpista, que é um desdobramento direto da situação envolvendo Bolsonaro. A movimentação política segue intensa, com o governo alinhando ações para neutralizar um projeto que pode ter consequências significativas na estabilidade política do país.
Com uma política tão polarizada, o desenrolar desta situação será observado de perto tanto por analistas quanto pela população, que se inquieta com as implicações que as decisões sobre a anistia podem ter para o futuro do Brasil.