Nos últimos anos, as manifestações em apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro têm registrado um público altamente variável, refletindo a polarização política que marca o Brasil. Com eventos que reúnem desde 12,4 mil até 185 mil pessoas, a dinâmica destes protestos tem se mostrado complexa e multifacetada, alinhando diferentes segmentos da sociedade em torno de bandeiras comuns.
Público crescente nas manifestações em apoio a Bolsonaro
Recentemente, manifestações convocadas para o Dia da Independência, em 7 de setembro de 2025, alcançaram a marca de 42,2 mil participantes. Este ato, durante o qual os apoiadores pediram “anistia eleitoral” para Bolsonaro no contexto de seu julgamento no STF, foi um dos mais notáveis deste ano. Isso contrasta fortemente com o ato de junho, que teve uma presença de apenas 12,4 mil pessoas mesmo com a presença de Bolsonaro e do pastor Silas Malafaia, mostrando uma queda considerável de adesão.
Estudos realizados pelo projeto “Monitor do Debate Político”, coordenado por especialistas da Universidade de São Paulo (USP), revelam essa flutuação no apoio. Os pesquisadores utilizam imagens aéreas e inteligência artificial para calcular a participação nas manifestações, aplicando um método conhecido como Point to Point Network (P2PNet). As estimativas são baseadas em fotos tiradas por drones, que proporcionam uma análise precisa da multidão.
A metodologia de cálculo e seus resultados
As análises, que incluem uma margem de erro de aproximadamente 5,1 mil pessoas, contemplam imagens capturadas em diferentes horários e divididas em seções para cobrir a totalidade do público. O método P2PNet, que se mostrou eficaz, tem uma precisão de 72,9% na identificação de indivíduos nas imagens. Com base nesse critério, os pesquisadores calcularam a participação em atos como:
- 42,2 mil em 07/09 de 2025 – Protesto atípico em meio a um julgamento importante.
- 37,6 mil em 03/08 de 2025 – Primeiro ato após o uso de tornozeleira eletrônica.
- 12,4 mil em 29/06 de 2025 – Representou um ato com adesão baixa e críticas ao ex-presidente.
Essas manifestações têm refletido a trajetória política de Bolsonaro, que inclui um período de grande apoio popular e o atual momento de desafios judiciais e crises de legitimidade. Os atos realizados em fevereiro de 2024, por exemplo, reuniram 185 mil pessoas, evidenciando uma capacidade de mobilização significativa que também suscita questões sobre a motivação e o engajamento do público em diferentes contextos e momentos.
Condições políticas e sociais dos protestos
A presença de Bolsonaro em alguns desses atos e as demandas específicas, como a anistia a condenados por atos de 8 de janeiro, revelam a estratégia de politização que seus apoiadores têm adotado, reforçando uma rede de discursos que articula elementos de justiça, pertencimento e mobilização política. No entanto, é importante notar que, apesar de algumas manifestações contarem com grandes públicos, a adesão praticamente flutuante levanta questionamentos sobre a sustentabilidade desse apoio ao ex-presidente.
Concluindo, é inegável que os protestos bolsonaristas em São Paulo têm mostrado uma complexa dinâmica de apoio, com variações que refletem não apenas o contexto político, mas também a conexão entre Bolsonaro e seus apoiadores. O uso de metodologias avançadas para medir a participação nas manifestações amplifica a compreensão sobre este fenômeno social, convidando à reflexão sobre o futuro do bolsonarismo no Brasil.
As repercussões políticas e os desdobramentos dessas mobilizações continuarão a ser uma parte central da conversa política no Brasil nos próximos meses, especialmente à medida que se aproximam novas eleições e desafios judiciais para o ex-presidente.
