O preço do ouro atingiu um novo pico nesta segunda-feira, superando US$ 3.620 por onça, impulsionado por expectativas de cortes de juros nos Estados Unidos e preocupações com a independência do Federal Reserve. O metal valorizou-se cerca de 1%, em meio a sinais de desaceleração no mercado de trabalho americano e uma crise de confiança na política monetária do banco central dos EUA.
Impulso do preço com dados de emprego e fatores globais
Após a divulgação de um relatório de empregos nos EUA que mostrou desaceleração nas contratações e aumento no desemprego, analistas reforçam que o Federal Reserve pode reduzir os juros ainda neste ano. Essa expectativa elevou as apostas de que até três cortes já estão precificados pelos operadores de swaps. O ouro, considerado um ativo de proteção, vem se beneficiando dessa conjuntura de incertezas econômicas.
Na abertura do mercado global, o ouro subiu até 1%, chegando a US$ 3.622 a onça, superando o recorde anterior na sexta-feira. Além das preocupações fiscais, o aumento na demanda por ativos de segurança também foi reforçado pela instabilidade na relação entre Estados Unidos e China, além de debates internos sobre o futuro do banco central americano.
Ações internacionais, guerra comercial e reservas mundiais
O aumento nas tensões comerciais, incluindo declarações do presidente Donald Trump sobre tarifas brasileiras, impacta o cenário global e reforça o clima de insegurança. Nesse contexto, os custos de empréstimos mais baixos aumentam a atratividade do ouro, que não oferece rendimento, mas é visto como porto seguro.
Segundo dados do Banco Popular da China, as reservas de ouro do país cresceram pelo décimo mês consecutivo em agosto, estratégia de diversificação que busca reduzir a dependência do dólar. No mercado à vista, o ouro avançava 0,8%, cotado a US$ 3.615,93 por onça às 11h47 em Londres, enquanto a prata, paládio e platina também registravam ganhos.
Perspectivas e cenários futuros
Especialistas destacam que a semana será decisiva para o mercado, com a revisão dos dados de emprego nos EUA na terça-feira e os índices de inflação ao consumidor e ao produtor, na quarta e quinta-feira. Os investidores também monitoram os leilões de Treasuries de diferentes maturidades, que podem influenciar a trajetória do mercado.
De acordo com o analista Ahmad Assiri, da Pepperstone, embora o atual rali do ouro seja sustentado por múltiplas forças, é provável que ocorram realizações de lucros no curto prazo. Ainda assim, a tendência de médio prazo permanece otimista, principalmente se os dados econômicos continuarem sugerindo cortes de juros pelo Fed.
Enquanto isso, o setor de tecnologia segue em foco após Google ser multado em quase US$ 3,5 bilhões pela União Europeia por abuso de poder no setor de publicidade digital, reforçando a volatilidade e as incertezas globais que sustentam a busca por ativos de proteção, como ouro e prata.
Para o futuro, a decisão histórica sobre a possibilidade de Trump remover a diretora do Fed Lisa Cook pode representar novo impulso ao mercado de ouro, caso leve à uma maior intervenção política na autonomia do banco central dos EUA. Analistas avaliando o cenário afirmam que o ouro pode disparar para quase US$ 5.000 se a independência do Fed for comprometida.
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