Brasil, 8 de setembro de 2025
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Oposição vence eleição na província de Buenos Aires e desafia governo de Milei

Resultado eleitoral na maior província da Argentina traz impacto político e econômico, dificultando planos de Milei para 2027

A oposição venceu as eleições na província de Buenos Aires, a mais importante do país, em uma derrota considerada irreversível para o presidente Javier Milei. Com 99% das urnas apuradas, o peronista Axel Kicillof obteve 47,3% dos votos, enquanto o partido de Milei, A Liberdade Avança, ficou com 33,7%, uma diferença de 13,6 pontos percentuais. A derrota, que ocorreu após a denúncia de corrupção envolvendo a irmã de Milei, prejudica suas chances nas próximas eleições legislativas de outubro.

Impacto na política e nas eleições 2027

Especialistas interpretam o resultado como uma forte sinalização de recuo para o governo de Milei, cuja estratégia eleitoral foi significativamente afetada. O resultado fortalece o nome de Kicillof como principal referência da oposição na corrida presidencial de 2027. A vitória do peronismo também coloca em risco os planos de Milei de aprovar reformas econômicas e obter maioria no Congresso, essenciais para seu projeto de reconstrução econômica.

Segundo o analista político Cristian Buttié, diretor da CB Consultores, “o envolvimento de Milei na campanha e a forte derrota na maior província indicam que o impacto não é apenas regional, mas afeta toda a narrativa de seu governo”. A dificuldade de reverter a situação nas eleições legislativas é um obstáculo, sobretudo, segundo Buttié, para aprovar reformas tributária, trabalhista e previdenciária que estimulem investimentos.

Consequências econômicas e crise de governabilidade

O fraco desempenho de Milei reforça as preocupações com a estabilidade econômica do país. Antes da votação, a expectativa era de que uma derrota menor que cinco pontos fosse assimilada como uma vitória relativa, permitindo uma recuperação até a eleição legislativa. No entanto, a derrota de mais de 13 pontos surpreendeu o mercado e a oposição, prejudicando ainda mais a governabilidade de Milei.

Com a possibilidade do retorno do peronismo ao poder em 2027 e a ameaça de uma crise institucional, os mercados financeiros já apresentavam queda na segunda-feira (8). Analistas indicam que o Banco Central pode precisar intervir usando reservas internacionais negativas e buscar recursos do Fundo Monetário Internacional para conter a desvalorização do peso argentino. A expectativa é de maior volatilidade e pressão cambial nas próximas semanas.

Estagnação econômica e impacto das denúncias

O escândalo de corrupção envolvendo a irmã de Milei, Karina Milei, coordenando desvios na compra de medicamentos, prejudicou a campanha do presidente. Além disso, a situação econômica fragilizada, com alta inflação e taxa de juros próximas de 80%, mostra um cenário de estagnação e dificuldades. Apesar de a inflação estar em torno de 2% ao mês, o peso argentino permanece um dos mais caros do mundo, e o país sofre uma recessão desde abril.

Milei reconheceu a derrota política, mas afirmou que manterá o rumo econômico sem mudanças. “Não vamos recuar nem um milímetro. Nosso compromisso com o equilíbrio fiscal e a continuidade do projeto econômico permanece”, declarou. Por outro lado, Kicillof avalia que “a vitória do peronismo determina que Milei terá que retificar seu rumo, caso queira evitar um retrocesso ainda maior em 2027”, afirmou o governador da província.

Tensão nos mercados e desafios futuros

Com a derrota, os mercados argentinos enfrentam alta volatilidade, já registrando quedas na Bolsa e na cotação do peso. A expectativa é de intervenção do Banco Central para evitar uma maior desvalorização, usando recursos que, devido às reservas internacionais negativas, poderão vir de empréstimos ao FMI. Essa dificuldade aumenta a incerteza sobre a estabilidade econômica e política do país nas próximas semanas, ampliando os riscos de uma crise mais profunda.

Analistas alertam que o cenário atual exige uma reavaliação da estratégia de Milei, cuja postura de firmeza econômica pode ser duramente testada diante do desgaste político e da pressão dos mercados.

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