Nesta segunda-feira (8), no 4º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro, o policial militar Fernando Ribeiro Baraúna inicia seu julgamento. Ele é acusado de assassinar o feirante Pedro Henrique Morato Dantas, de apenas 20 anos, em um crime ocorrido em abril deste ano, na Penha, Zona Norte do Rio de Janeiro.
O crime e as circunstâncias
O trágico evento ocorreu quando Pedro estava montando sua barraca de pastéis, um trabalho que fazia com dedicação. Segundo testemunhas, Fernando, que estava de folga, se aproximou do jovem e anunciou sua ação com as palavras “não corre” antes de disparar sua arma. O que parecia um dia comum de trabalho se transformou em uma cena de violência e tragédia.
A esposa do PM, que chegou ao local logo após os disparos, alegou que Pedro estava envolvido em um desentendimento que ocorreu em uma boate onde o casal havia estado. Contudo, essa versão é contestada por amigos e familiares do feirante, que defendem a inocência de Pedro. A versão da defesa ressalta que o policial alegou legítima defesa, afirmando que o jovem teria tentado esfaqueá-lo, mas essa afirmação carece de provas que a sustentem.
Contexto da vítima e a dor da família
A família de Pedro está devastada pela perda. A mãe dele, Michela Morato, declarou em entrevista ao g1 que a vida mudou completamente após a morte do filho. “A vida não é mais a mesma”, lamenta a nutricionista, que mencionou que não havia mais noites de sono tranquilas e que os domingos, antes momentos de alegria, se tornaram um lembrete constante da tragédia vivida.
Michela destacou que Pedro era um jovem alegre e amoroso, e sua morte deixou um vazio irreparável na vida de seus entes queridos. “Esse homem destruiu todas as pessoas que gostavam de Pedro. A nossa expectativa é que as autoridades o condenem. Porque o meu filho não pode ser só mais um”, afirmou a mãe, transmitindo a urgência pela justiça em meio à dor.
Desdobramentos legais e administrativos
Fernando Ribeiro Baraúna foi preso em flagrante e sua prisão convertida em preventiva. O PM responde por homicídio qualificado e, conforme as informações, ele utilizou a arma da corporação durante o crime. A situação gera um debate sobre a responsabilidade dos policiais no uso da força e os limites da legítima defesa, especialmente em casos onde há vítimas inocentes.
A reportagem tentou contato com a defesa do policial, mas não obteve retorno até o fechamento deste artigo. A Polícia Militar também não se manifestou sobre o andamento do Processo Administrativo Disciplinar (PAD) que pode culminar na exclusão do agente de suas funções, repasando a importância de processar não só os crimes cometidos nas ruas, mas também as ações de seus próprios membros.
A exigência de justiça
O caso de Pedro Henrique Morato Dantas ressoa como um chamado à reflexão sobre o uso da força por parte das autoridades e como a vida de indivíduos inocentes pode ser abruptamente interrompida. A comunidade se une em torno da família de Pedro na esperança de que o julgamento traga ao menos um pouco de paz e a certeza de que a justiça foi feita.
As cicatrizes deixadas por essa tragédia se estenderão por gerações, e a busca por justiça permanece não apenas em nome de Pedro, mas em homenagem a todos aqueles que perderam suas vidas de maneira semelhante. É vital que os desdobramentos deste caso sejam acompanhados de perto, garantindo que as vozes das vítimas e de suas famílias nunca sejam silenciadas.