Brasil, 8 de setembro de 2025
BroadCast DO POVO. Serviço de notícias para veículos de comunicação com disponibilzação de conteúdo.
Publicidade
Publicidade

Julgamento da trama golpista: defesas tentam contestar provas

Defesas no julgamento do núcleo da trama golpista buscam afastar os réus das acusações, mas provas da PGR podem desmantelar seus argumentos.

Na primeira semana do julgamento do chamado “núcleo crucial” da trama golpista, que inclui o ex-presidente Jair Bolsonaro, as defesas dos réus se esforçaram para rebater as acusações de participação em uma tentativa de golpe de Estado. As estratégias envolvem questionamentos sobre a delação do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, bem como tentativas de dissociar os réus de reuniões e discussões ligadas ao golpe. Entretanto, provas compiladas pela Polícia Federal e destacadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) podem ser cruciais para refutar os argumentos apresentados.

Defesas contestam acusações

O advogado de Braga Netto, José Luis Oliveira, conhecido como Juca, afirmou que seu cliente não teve “participação com 8 de janeiro”. Segundo ele, a acusação de envolvimento de Braga em um diálogo que teria ocorrido em um acampamento é falsa. “Esse vídeo não é no quartel. Este vídeo é no Palácio [da Alvorada]. A própria PGR, inclusive, depois, volta nisso”, defendeu o advogado, enfatizando que no dia 8 de janeiro, Braga estava jogando vôlei no Rio de Janeiro.

No entanto, investigações indicam que o militar incitou manifestantes. Entre as evidências citadas, destaca-se que Braga Netto recebia manifestantes no comitê do Partido Liberal (PL), em Brasília, após a derrota de Bolsonaro. Ele também foi filmado conversando com manifestantes em frente ao Palácio da Alvorada, pedindo que não perdessem a fé.

Minuta golpista e defesa de Bolsonaro

Em sua sustentação oral, Celso Vilardi, advogado do ex-presidente Jair Bolsonaro, rebateu a acusação de que seu cliente alterou a chamada “minuta golpista”, que previa a decretação de um estado de defesa e a prisão de autoridades, como o ministro Alexandre de Moraes. O defensor afirmou que a alegação de que Bolsonaro “enxugou” a minuta provém apenas da delação de Mauro Cid.

“A informação de que Bolsonaro ‘enxugou’ a minuta é do delator”, enfatizou seu advogado, questionando a origem da acusação que envolve a prisão de ministros. Cid também enviou um áudio ao ex-comandante do Exército, Freire Gomes, contendo advertências sobre pressões que o presidente recebia para adotar medidas mais severas.

Evidências que complicam defesas

A PGR destacou que as provas incluem um áudio onde Cid menciona que Bolsonaro estava sob pressão e que cortou elementos do decreto golpista, direcionando que o comando militar estivesse à disposição para possíveis ações golpistas. O áudio foi escrito em 9 de dezembro de 2022, após uma reunião onde Bolsonaro apresentou a minuta aos comandantes das Forças Armadas.

Além disso, Andrew Fernandes, advogado do ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira, alegou que o general atuou para dissuadir o presidente de qualquer ação golpista, destacando a preocupação de que uma liderança militar pudesse romper a ordem constitucional. Foi a primeira vez que essa linha de defesa foi mencionada publicamente.

No entanto, a PGR ressaltou a existência de uma reunião realizada em 14 de dezembro de 2022, onde uma nova versão do decreto golpista foi apresentada. O brigadeiro Baptista Junior, ex-chefe da Aeronáutica, confirmou durante o depoimento que o objetivo da reunião era pressionar os militares a apoiar a insurreição.

As evidências apresentadas pela acusação revelam um quadro inquietante das estratégias de Bolsonaro e aliados, onde o desejo de subverter a ordem se manteve por meio de reuniões e diálogos direcionados a incitar a desobediência civil e militar.

À medida que o julgamento avança, os magistrados terão a tarefa de analisar uma vasta quantidade de provas, os testemunhos contrastantes e as alegações da defesa, que tentam minimizar a mácula das ações de seus clientes durante um dos períodos mais tumultuosos da política brasileira recente. A conclusão deste caso é esperada para ter um impacto significativo sobre a confiança pública nas instituições do país.

O desfecho do julgamento não apenas determinará a culpabilidade ou inocência dos réus, mas também definirá um precedente para a responsabilidade política no Brasil, abordando as complexas interações entre poder, legalidade e a proteção das instituições democráticas.

PUBLICIDADE

Institucional

Anunciantes