A recente invasão de aguapés nos rios Poti e Parnaíba, que cortam a capital Piauiense, Teresina, está gerando preocupação entre pescadores e autoridades. A proliferação dessas plantas aquáticas não só afeta a qualidade da água, mas também compromete a atividade pesqueira local. Em resposta ao problema, o Ministério Público Federal (MPF) convocou a Águas de Teresina e a Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semam) para encontrar soluções eficazes.
A proliferação dos aguapés e suas causas
De acordo com o biólogo Paulo Lopes, a situação de crescimento exponencial dos aguapés pode ser atribuída a uma combinação de fatores. Entre eles, estão a baixa no nível da água, o aumento das temperaturas e o despejo inadequado de lixo e dejetos nos corpos d’água. Isso gera um ambiente propício para a proliferação das algas, que podem ocupar grandes áreas, prejudicando o ecossistema aquático e, consequentemente, a vida dos pescadores.
Os pescadores locais estão em alerta, pois a invasão das algas dificulta a navegação e a captura de peixes, causando prejuízos financeiros significativos. A situação se torna ainda mais preocupante, pois é recorrente a cada período de seca.
Medidas acordadas para mitigar o problema
Em uma reunião entre representantes do MPF, Águas de Teresina e Semam, foi delineado um plano de ações para conter a proliferação dos aguapés. O procurador da República, Kelston Pinheiro Lages, enfatizou que a limpeza dos rios é resultado de um acordo judicial vigente desde 2003. A responsabilidade pela execução do serviço foi transferida para a Águas de Teresina, que deverá agir em conformidade com o que foi acordado.
O secretário de Meio Ambiente de Teresina, Bessah, apresentou um orçamento de trabalho para a retirada das algas, que deverá ser implementado entre 2025 e 2033. “Vamos desenvolver um trabalho em conjunto com uma empresa especializada na remoção e com a participação dos pescadores locais”, explicou Bessah.
Investimentos financeiros e responsabilidade das partes
A Águas de Teresina se comprometeu a realizar um depósito inicial de R$ 130 mil, correspondente à primeira parcela acordada, com pagamentos anuais até o término do projeto ou até que 90% da rede de esgoto da cidade esteja coberta. Além disso, a Semam deve apresentar anualmente o orçamento necessário para a limpeza dos aguapés, bem como executar a limpeza dos rios a cada ano.
Kelston Pinheiro Lages destacou a importância de que todos os envolvidos cumpram os compromissos assumidos, reiterando que a prevenção deve ser uma prioridade. “Precisamos evitar a recorrência de aguapés, especialmente na época de seca, e assim poupar o MPF e o Judiciário de terem que intervir novamente”, alertou o procurador.
Pescadores se tornam Guardiões do Rio Poti
Em meio a essa problemática, um projeto inovador está se destacando: pescadores locais estão se tornando ‘Guardiões do Rio Poti’. Eles realizam ações de limpeza e campanhas de conscientização sobre a importância do cuidado com os rios e o meio ambiente. Esse projeto não apenas incentiva a preservação ambiental, mas também empodera a comunidade na defesa dos seus recursos hídricos.
As iniciativas para combater a invasão de aguapés e conscientizar a população são fundamentais para proteger os rios Poti e Parnaíba. A união entre autoridades e a comunidade local é essencial para garantir que medidas efetivas sejam adotadas, promovendo a sustentabilidade e a qualidade de vida em Teresina.
Enquanto as autoridades trabalham em projetos e acordos, a participação ativa dos pescadores e da população em geral pode ser um grande diferencial na luta contra a proliferação dos aguapés e na proteção dos rios que são tão importantes para a cidade.