Eliazer Rodella, que foi afastado da Guarda Civil Metropolitana (GCM) de São Paulo em maio devido a denúncias de violência doméstica, teve uma breve nomeação para o cargo na Superintendência de Ações Ambientais no dia 4 de setembro. No entanto, a prefeitura rapidamente reverteu essa decisão no dia seguinte, 5 de setembro. Essa movimentação foi divulgada no Diário Oficial da cidade na última segunda-feira, dia 8, e demonstra a conturbada situação envolvendo Rodella e as denúncias pesadas que pairam sobre ele.
Histórico de Rodella e suas controvérsias
Rodella assumiu a posição de comandante da GCM em janeiro deste ano e tinha uma vasta experiência, atuando como professor e coordenador na Academia de Formação em Segurança Urbana desde 2016. As denúncias que levaram ao seu afastamento incluem relatos de agressões físicas contra sua ex-esposa, Samara Rocha Bragantini, que, durante uma entrevista ao canal de YouTube “Histórias de Divórcios”, descreveu experiências traumáticas de violência que sofreu, inclusive enquanto estava grávida. Samara relatou que Rodella a agrediu pelo menos três vezes, incluindo um episódio grave enquanto estava no oitavo mês de gestação.
Agravantes da situação
As agressões incluem descrições chocantes de violência física, como ser puxada pela cabeça e socos nos braços. “Ele batia minha cabeça na porta e deixava meus braços roxos”, afirmou Samara em sua declaração, destacando a fragilidade da situação em que estava, uma vez que tinha filhos pequenas e sua enteada com ela na residência durante os episódios.
Apesar de diversas intervenções, incluindo visitas da polícia à sua casa, Samara relatou que nunca fez uma denúncia formal, citando o medo e a incerteza sobre como proceder caso a polícia chegasse a confrontar Rodella. Essa falta de ação representa um dos muitos desafios enfrentados por vítimas de violência doméstica, que muitas vezes se sentem sozinhas e sem apoio imediato.
Reações da Prefeitura e da comunidade
A prefeitura de São Paulo ainda não se manifestou de forma clara sobre os motivos que levaram ao cancelamento da nomeação de Rodella para a Superintendência de Ações Ambientais, e o secretário de Segurança Urbana, Orlando Morando Junior, não respondeu aos questionamentos do g1 até o fechamento desta reportagem. Essa falta de transparência aumenta a indignação de cidadãos que já demonstravam preocupação com a situação, considerando a seriedade das alegações contra Rodella.
A nomeação inicial gerou reações negativas nas redes sociais, onde muitos cidadãos expressaram sua insatisfação e preocupação com a normalização de comportamentos violentos entre aqueles que ocupam cargos de responsabilidade pública. As redes sociais se tornaram uma plataforma de advocacy, onde muitos pedem a responsabilização e a proteção das vítimas de violência doméstica, além de solicitar mais rigor na seleção de pessoal para cargos públicos.
A importância da denúncia e do apoio às vítimas
Os episódios envolvendo Rodella destacam a necessidade de um suporte mais robusto para vítimas de violência doméstica. O medo e a falta de recursos podem impedir que muitas mulheres denunciem seus agressores, reforçando um ciclo de violência difícil de romper. O que se espera de instituições e da sociedade é a criação de um ambiente onde a denúncia seja incentivada, e as vítimas se sintam cada vez mais apoiadas e protegidas.
As circunstâncias em torno da nomeação e subsequente exoneração de Eliazer Rodella fomentam debates importantes sobre a cultura de silêncio que muitas vezes cerca a violência doméstica, assim como a necessidade de políticas públicas que priorizem a proteção das vítimas e a responsabilização dos agressores. A sociedade civil precisa exigir mais transparência e ação efetiva das autoridades, não apenas em casos pontuais, mas em uma abordagem abrangente e preventiva contra a violência de gênero.
O caso de Eliazer Rodella continua a evoluir, e seguem as expectativas de que as autoridades competentes tomem as ações necessárias diante das alegações que não podem ser ignoradas. O acompanhamento da situação por parte da imprensa e da comunidade é fundamental para garantir que a justiça prevaleça e que outros possam encontrar a coragem de denunciar suas experiências.