Wadih Damous, presidente da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), afirmou nesta semana que uma intervenção radical na crise da Unimed Ferj deve ser feita com cuidado, priorizando a continuidade do tratamento aos beneficiários. Damous destacou que, apesar da gravidade da situação, o foco inicial é evitar a interrupção dos atendimentos, especialmente os oncológicos.
Controle da crise sem interromper tratamentos
Durante entrevista ao jornal O Globo, Damous ressaltou que, neste momento, as ações da ANS visam assegurar que os tratamentos essenciais não sejam interrompidos, mesmo em meio à crise financeira da Unimed Ferj. Segundo ele, a intenção é analisar posteriormente a viabilidade de continuidade das operações da cooperativa, entrando em contato também com a Unimed nacional.
Diálogo com a Unimed Brasil e direção técnica
O presidente explicou que, após reuniões com a diretoria da Unimed Ferj e a matriz, foi estabelecida uma direção técnica para acompanhar a situação. “Nossa maior preocupação é não interromper o atendimento às pessoas, sobretudo as que estão em tratamento oncológico”, afirmou. Damous destacou ainda que a ANS não realiza intervenção fiscal, mas monitora de perto o setor.
Histórico e desafios do setor de planos de saúde
Damous também abordou o histórico de crises do setor, citando exemplos como a antiga Unimed Rio, e criticou a baixa oferta de planos individuais no mercado, agravada pela regulação que favorece os contratos coletivos. Ele destacou a necessidade de discutir o funcionamento dos chamados falsos coletivos, criados por pessoas jurídicas para contratar planos mais baratos e que frequentemente promovem a seleção de risco.
Regulação e mercado de planos coletivos
Ele apontou que a regulação da ANS prevê mecanismos para mitigar essas distorções, como a ampliação do pool de risco e a aplicação de contratos por adesão a 100%. “Vamos trazer essas questões à discussão imediatamente”, afirmou Damous.
judicialização e responsabilidade das operadoras
O presidente da ANS reforçou que, na sua gestão, o objetivo é evitar a judicialização dos conflitos, que representa cerca de 1,5% dos custos do setor, segundo dados da própria agência. “Se as empresas cumprirem os contratos e as determinações, a judicialização será mínima, mas muitas ações vêm por descumprimento de cláusulas por parte das operadoras”, declarou.
Controle de custos e novos modelos de atendimento
Sobre a implementação de programas como o Agora tem Especialistas, Damous afirmou que o projeto visa usar a rede das operadoras para atendimento de alta complexidade, dando uma alavanca para desonerar o SUS. Ele afirmou que o programa ainda está em fase piloto e que a definição de tabelas e repasses será discutida pelo Ministério da Saúde.
Perspectivas e prioridades futuras
O novo presidente da ANS reafirmou que seu foco será na manutenção do equilíbrio econômico-financeiro do setor, sem buscar lucro às custas do cuidado ao consumidor. Ele destacou que a prioridade atual é manter o atendimento às demandas mais urgentes, como no caso da Unimed Ferj, e que as questões relacionadas à regulação de planos populares, planos coletivos e novos medicamentos serão enfrentadas em breve.
A entrevista completa está disponível no Fonte original.