Na noite desta segunda-feira (8), a Prefeitura de São Paulo realizou a segunda audiência pública para apresentar e debater o projeto do túnel da Rua Sena Madureira. Este polêmico projeto, que visa conectar a Rua Sena Madureira à Avenida Ricardo Jafet, no Ipiranga, foi alvo de críticas por parte de moradores que questionam seus impactos no trânsito e no meio ambiente.
Debate acalorado
A proposta da gestão do prefeito Ricardo Nunes, do MDB, é construir dois túneis que, segundo a Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras (Siurb), beneficiará mais de 800 mil pessoas diariamente. Entretanto, os moradores temem que a obra resulte em desmatamento e na remoção de famílias da região. “Não queremos o Túnel da Sena Madureira. Estão se gastando bilhões para uma obra que não resolverá os problemas de trânsito e acabará com a vegetação local”, reclama a ativista Rosângela Costa.
Primeira audiência foi conturbada
A primeira audiência pública, realizada na semana passada, foi marcada por confusões. O espaço do auditório era limitado a apenas 172 pessoas, o que deixou muitos moradores do lado de fora. Além disso, houve relatos de que a Guarda Civil Metropolitana (GCM) foi acionada para controlar a situação, o que gerou protestos sobre abusos de poder. A prefeitura alegou que a presença da GCM visava garantir a segurança.
Critérios e reações
A Siurb anunciou que foram tomadas medidas para garantir uma maior participação nesse segundo encontro, mudando o local para o Instituto de Engenharia da Vila Mariana, que comporta cerca de 400 pessoas. A vereadora Marina Bragante, da Rede Sustentabilidade, criticou a limitação de apenas duas audiências para um projeto que estima mais de R$ 531 milhões. “A gestão precisa garantir o direito de manifestação dos moradores. É fundamental haver mais espaço para a comunidade se expressar”, enfatizou Bragante.
Além disso, a Secretaria informou que o projeto passou por consulta pública entre 26 de agosto e 4 de setembro na Plataforma Participe Mais. Essa atividade deveria ter sido uma oportunidade para que a população se manifestasse, mas a confusão nas audiências levantou questionamentos sobre a sinceridade das intenções da prefeitura em ouvir a comunidade.
Desafios futuros e a perspectiva dos moradores
O processo de licitação do túnel foi retomado após recomendações do Ministério Público de São Paulo, que pediu para que a licitação fosse iniciada novamente devido a irregularidades anteriores. Questiona-se também a validade do estudo ambiental que foi comparado a outro realizado em 2009, levantando preocupações sobre a necessidade de um novo estudo aprofundado antes de qualquer início de obra.
Os moradores expressam suas preocupações, afirmando que o novo projeto não resolve os problemas de tráfego e pode, na verdade, piorar a situação. A região já apresenta desafios em relação à mobilidade urbana e a efetividade do túnel em melhorar o cenário é incerta. “A perspectiva é de piora, inclusive”, disse a ativista Rosângela Costa.
Conclusão
A polêmica em torno da construção do túnel da Rua Sena Madureira evidencia não apenas o descontentamento local, mas também a necessidade de um diálogo mais transparente entre a administração pública e a população. Com um investimento tão alto e impactos significativos vislumbrados, a gestão municipal deve priorizar o envolvimento da comunidade em discussões que afetam diretamente suas vidas e o ambiente ao seu redor.
A sequência dos debates e as decisões tomadas nos próximos dias serão cruciais para determinar o futuro desse projeto e a relação da administração com os cidadãos de São Paulo.