No primeiro semestre de 2025, clínicas e centros de saúde do Rio de Janeiro enfrentaram uma grave crise de segurança que resultou na suspensão de mais de 500 atendimentos à população. Segundo um levantamento da Secretaria Municipal de Saúde, foram 516 interrupções nas unidades de atenção primária apenas entre janeiro e julho deste ano, devido a tiroteios e confrontos entre facções criminosas que afligem a cidade.
Relação entre violência e saúde pública
As zonas Norte e Oeste do Rio de Janeiro estão entre as mais afetadas por essa onda de violência. Em Costa Barros, por exemplo, foram registrados 38 tiroteios, além de 9 mortes e 18 feridos desde o início do ano até o início de setembro. Essas estatísticas alarmantes mostram como a insegurança impacta diretamente a saúde da população.
No último mês, a situação se agravou, com dez unidades de atenção primária suspendendo atendimentos após confrontos em Senador Camará, também na zona oeste, que resultaram na contabilização de seis mortos. O secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, destacou que o contexto de insegurança traz consequências sérias para a saúde pública: “Um conflito armado, principalmente um que se repete nas comunidades, gera muitos problemas de saúde que estão intrinsicamente ligados à insegurança”, afirmou.
Fechos e prejuízos diretos para a saúde
Atualmente, três clínicas da família permanecem fechadas em razão da insegurança, sem previsões para reabertura: duas em Santa Cruz e uma em Costa Barros. O impacto financeiro desta situação também é significativo. De janeiro a setembro, as unidades de saúde enfrentaram prejuízos de R$ 215 mil relacionados a manutenção, reparos e reposição de equipamentos por conta dos danos causados pelos tiroteios.
Ubiratan Ângelo, ex-comandante da Polícia Militar e especialista em segurança pública, ressaltou a complexidade do problema. “As autoridades de segurança pública têm uma escolha a fazer”, comentou. “Ou realizam operações e correm o risco de agravar as violações de direitos humanos, ou não fazem e permitem uma expansão territorial do controle das facções.” O especialista alertou que a interrupção dos atendimentos de saúde tem repercussões maiores: “Quando uma clínica fecha, não é apenas a interrupção do atendimento; isso afeta o cotidiano dos agentes comunitários que realizam visitas domiciliares, resultando em mais pessoas sem cuidados médicos.”
Multiplos impactos da violência na saúde
O problema da violência e sua relação com a saúde pública é um desafio constante no Brasil, especialmente nas áreas mais vulneráveis. Com ações de segurança pública muitas vezes assustadoras e traumáticas para os moradores, os efeitos colaterais de tais operações incluem não apenas a suspensão de serviços essenciais, mas também um impacto emocional e psicológico significativo na população.
A suspensão de atendimentos médicos contrasta com as necessidades urgentes da população, que precisa de cuidados regulares e assistência médica adequada. A situação se torna particularmente crítica em períodos de crise, onde as operações policiais, embora necessárias para combater o crime organizado, muitas vezes resultam na paralisação de serviços essenciais, incluindo saúde, educação e transporte público.
Propostas para a melhoria e o futuro
Para mitigar esses problemas, especialistas sugerem uma abordagem integrada que considere não apenas a segurança pública, mas também os direitos humanos e o acesso à saúde. Investir em programas que promovam a paz nas comunidades, além de fortalecer a infraestrutura de saúde, pode ajudar a combater os prejuízos causados pela insegurança.
A luta contra a insegurança e suas consequências será um longo caminho, mas é imprescindível que medidas sejam tomadas para garantir que todos tenham acesso a serviços de saúde essenciais e um ambiente seguro para viver e prosperar.
Em suma, a situação das clínicas de saúde no Rio de Janeiro é um reflexo de uma crise maior que clama por atenção e ação. O desafio é unir esforços entre as esferas de saúde e segurança para criar um ambiente onde cada cidadão tenha o direito de acesso à saúde sem o medo constante da violência.
Para mais informações sobre o impacto da violência na saúde pública, acesse o link original aqui.