A nova política da administração Trump, que eliminou a isenção tarifária para importações de baixo custo, provocou uma queda dramática no tráfego postal para os Estados Unidos, de mais de 80%, segundo a União Postal Universal (UPU). Este cenário tem gerado preocupação entre operadoras postais ao redor do mundo, principalmente no que diz respeito à gestão de tarifas e cobrança de impostos sobre as encomendas direcionadas ao país.
Impactos das novas regras postais
A eliminação da chamada “isenção de minimis”, que permitia a entrada de pacotes de até 800 dólares sem taxas de importação, foi implementada em 29 de agosto de 2025. Desde então, 88 operadores postais de diferentes países suspenderam alguns ou todos os serviços postais para os EUA até que novas diretrizes sejam estabelecidas. A UPU destacou que essa reformulação resultou em uma paralisação quase total do tráfego postal na data da implementação das novas regras.
O problema central reside na responsabilidade pela coleta e remessa dos direitos aduaneiros, que agora recai sobre empresas transportadoras ou partidos que estejam qualificados pela agência de Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA (CBP). De acordo com a UPU, houve uma queda de 81% no tráfego postal proveniente de seus 192 países membros, em comparação a uma semana anterior à mudança.
Causas das interrupções operacionais
A agência com sede em Berna, na Suíça, relatou que inicialmente os acidentes operacionais significativos têm origem no fato de que muitas companhias aéreas e transportadoras não estavam dispostas ou não podiam coletar essas taxas aduaneiras, e os correios internacionais não haviam estabelecido um elo com as empresas aprovadas pelo CBP. Essa situação culminou em um atraso significativo e complexidades inesperadas na troca de pacotes entre países.
Reações e preocupações globais
Antes da implementação da nova norma, a UPU enviou uma carta ao secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, expressando suas preocupações sobre as consequências que a mudança poderia acarretar no serviço postal global. A isenção de minimis estava em vigor, de alguma forma, desde 1938 e a administração justificou a alteração alegando que as normas anteriores eram uma brecha que permitia a empresas estrangeiras evadir tarifas e a entrada de mercadorias ilegais.
Com a nova regra, as compras que anteriormente chegavam aos EUA sem necessidade de passar pela fiscalização aduaneira agora devem ser avaliadas e estão sujeitas à tarifa de importação do país de origem, que pode variar entre 10% e 50%. Vale destacar que, mesmo com a nova medida, residentes dos EUA ainda não precisarão pagar taxas sobre presentes que tenham valor de até 100 dólares ou até 200 dólares em souvenirs pessoais adquiridos em viagens ao exterior.
Futuro do tráfego postal internacional
A UPU expressou que seus membros não receberam tempo ou orientações suficientes para se adequar às novas diretrizes estabelecidas pela ordem executiva assinada por Donald Trump em 30 de julho, que eliminou a isenção de tarifas para mercadorias de baixo valor. As repercussões dessas mudanças ainda estão sendo sentidas em todo o mundo e demandam um esforço conjunto para encontrar soluções viáveis para o restabelecimento do tráfego postal normal.
Com a transformação do cenário postal global, a adequação a essas novas regulamentações se torna crucial tanto para a preservação da eficiência dos serviços postais quanto para a continuidade das atividades comerciais. A situação atual ainda gera incertezas sobre como os correios de diferentes países irão responder à nova demanda de cumprimento dos padrões impostos pelos EUA, resultando em um potencial aumento nos custos de envio e, consequentemente, em possíveis mudanças no comportamento dos consumidores na hora de realizar compras internacionais.
O futuro do tráfego postal internacional, portanto, depende da capacidade dos operadores postais em se adaptarem rapidamente às novas exigências, mantendo a conectividade e a acessibilidade das postagens entre os países.