A Opep+ concordou neste domingo, em uma reunião online, em aumentar a produção de petróleo a partir de outubro, numa estratégia de recuperação de participação no mercado global. A decisão ocorre num momento de desaceleração na demanda mundial e de preços relativamente baixos, impulsionada por uma tentativa do grupo de retomar sua influência no contexto de oferta e demanda.
Redução no ritmo de aumentos e sinais de mercado
O aumento previsto esta semana será de 137.000 barris por dia, consideravelmente menor do que os cerca de 555.000 bpd aumentados em setembro e agosto, e os 411.000 bpd de julho e junho. Segundo o grupo, essa desaceleração reflete o enfraquecimento do consumo global, especialmente neste quarto trimestre, quando a demanda deve recuar.
Além disso, este movimento sinaliza uma reversão parcial na política de cortes de produção: os oito membros da Opep+ iniciaram o processo de desfazer a segunda rodada de cortes, de cerca de 1,65 milhão de barris por dia, antecipando-se em mais de um ano ao plano originalmente estabelecido. Assim, a organização busca equilibrar a oferta e evitar um excesso de petróleo durante o inverno no hemisfério norte.
Sinalização ao mercado e estratégias futuras
De acordo com analistas, o aumento, embora pequeno em volume, envia uma mensagem clara: a Opep+ prioriza a participação de mercado, mesmo que isso signifique preços mais baixos. Para Jorge Leon, analista da Rystad e ex-funcionário da organização, “os barris podem ser pequenos, mas a mensagem é grande”.
Leon destaca ainda que a decisão será testada no próximo trimestre, quando a demanda deve desacelerar ainda mais. A Opep+ ressaltou que continuará avaliando a situação e que tem a possibilidade de acelerar, pausar ou reverter os aumentos em futuras reuniões, sendo que a próxima rodada de discussões está agendada para 5 de outubro.
Contexto geopolítico e impactos no mercado
Esse aumento ocorre em um cenário de tensões geopolíticas, como as sanções ocidentais contra Rússia e Irã, que têm sustentado os preços do petróleo em torno de US$ 65 por barril, apesar do excesso de oferta. A estratégia do grupo também envolve a pressão da Arábia Saudita sobre outros membros, como o Cazaquistão, por excesso de produção, e os Emirados Árabes Unidos ampliando sua capacidade.
Os movimentos de aumento de oferta também têm raízes na pressão dos Estados Unidos, cujo então presidente Donald Trump incentivou a elevação da produção, buscando reduzir os preços da gasolina no mercado interno. Como consequência, os preços do petróleo caíram aproximadamente 15% neste ano, precarizando os lucros das petrolíferas e levando a milhares de cortes de empregos no setor.
A maioria dos analistas acredita que, apesar das pressões, os preços permanecem relativamente estáveis devido aos fatores políticos e econômicos globais, deixando a estratégia da Opep+ com um foco mais de mercado que de remuneração.
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