Neste domingo (7), a Praça da República, em São Paulo, foi palco de uma manifestação convocada por lideranças de esquerda e centrais sindicais, que reuniu aproximadamente 8,8 mil pessoas, conforme estimativa do grupo Monitor do Debate Político, vinculado ao Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap). A contagem, coordenada por Pablo Ortellado e Márcio Moretto, da Universidade de São Paulo (USP), utilizou imagens aéreas e inteligência artificial, com uma margem de erro de 1,1 mil pessoas.
Detalhes da contagem e metodologia utilizada
O cálculo do público se baseou em imagens aéreas coletadas em quatro intervalos diferentes, totalizando 25 fotos que foram divididas em segmentos para cobrir toda a extensão do ato. O método utilizado, denominado Point to Point Network (P2PNet), emprega drones para capturar as imagens, permitindo que softwares de inteligência artificial identifiquem e contabilizem automaticamente os indivíduos presentes, com uma precisão de 72,9% e uma acurácia de 69,5% na identificação de cada pessoa.
Ato como resposta às manifestações bolsonaristas
A manifestação ocorreu como uma resposta às atividades bolsonaristas que aconteceram também no dia 7 de setembro, feriado da Independência do Brasil. Entre as figuras presentes estiveram o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, e integrantes importantes do Partido dos Trabalhadores (PT), como Edinho Silva, presidente nacional da legenda, além de deputados federais de partidos alinhados à esquerda, como Guilherme Boulos e Érika Hilton, ambos do PSOL.
Principais mensagens do ato
Os manifestantes levantaram cartazes exigindo a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro e se opuseram à anistia para condenados pelos protestos violentos ocorridos em 8 de janeiro de 2023, quando houve uma tentativa de golpe. O tema central do ato girou em torno da defesa da soberania nacional, uma mensagem que tem ganhado força no discurso do atual governo e entre lideranças de esquerda, especialmente em resposta às recentes tarifas impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros.
Discurso de Edinho Silva
Durante seu discurso, Edinho Silva ressaltou a importância de responsabilizar aqueles que organizaram a tentativa de golpe e expressou confiança no “bom senso dos parlamentares” em relação às ações necessárias a serem tomadas.
“Não podemos banalisar nem normalizar aquilo que é grave. Tivemos um resultado eleitoral. Aqueles que perderam as eleições organizaram uma tentativa de golpe e, o pior, organizaram o assassinato do presidente e do vice-presidente vitoriosos”, afirmou.
Manifestações da direita na Avenida Paulista
Enquanto a esquerda se manifestava na Praça da República, lideranças de direita se reuniram na Avenida Paulista em um ato em defesa da anistia a Jair Bolsonaro e aos condenados pelos eventos de 8 de janeiro. Essa manifestação ocorre no contexto do julgamento em curso de Bolsonaro, que foi iniciado no Supremo Tribunal Federal (STF) e deve prosseguir na próxima terça-feira (9).
Consequências legais para Jair Bolsonaro
O ex-presidente Jair Bolsonaro enfrenta diversas acusações, incluindo organização criminosa, tentativa de abolição violenta do estado democrático de direito, golpe de Estado, entre outras. As possíveis penas para esses crimes variam de 3 a 12 anos, dependendo da gravidade da infração.
A manifestante expressam preocupações acerca do futuro político e judicial do ex-presidente, enquanto os representantes da esquerda ressaltam a necessidade de não se permitir a impunidade por atos que ameaçam a democracia brasileira.
Enquanto o cenário político se agita cada vez mais em torno das manifestações, os próximos dias prometem ser cruciais tanto para a esquerda quanto para a direita no Brasil, conforme os desdobramentos dos processos judiciais e as repercussões nas ruas.