Brasil, 7 de setembro de 2025
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Diferenças entre os julgamentos de Bolsonaro e Lula no STF

Os julgamentos de Jair Bolsonaro e Lula no STF evidenciam mudanças nas regras do foro privilegiado no Brasil.

Atualmente, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é julgado pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), a mais alta instância do Judiciário brasileiro, em um caso que envolve acusações sérias sobre uma suposta tentativa de golpe. Em contrapartida, o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já enfrentou sérias acusações em um contexto histórico onde as normas legais eram diferentes, tendo sido condenado em primeira instância em 2017 no âmbito da Operação Lava Jato. As diferenças entre os dois casos lançam luz sobre as complexidades do sistema judiciário e as mudanças significativas nas regras do foro privilegiado ao longo dos anos.

A condenação de Lula

Lula foi condenado em julho de 2017 a uma pena de nove anos e seis meses de prisão, sendo acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A sentença foi proferida pelo então juiz Sergio Moro, que, posteriormente, se tornou senador. A condenação foi ratificada pela 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) em janeiro de 2018 e, apesar das tentativas de defesa com habeas corpus, Lula foi preso em abril do mesmo ano.

Nesta época, o foro privilegiado era aplicável apenas a autoridades em exercício de mandatos, significando que Lula, que já havia encerrado seu segundo mandato em 2010, não poderia se beneficiar desse mecanismo enquanto enfrentava sua condenação. No entanto, em 2019, o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que a prisão de réus após a condenação em segunda instância era inconstitucional, resultando na libertação de Lula em novembro daquele ano.

O caso de Bolsonaro

Bolsonaro, por outro lado, está sob investigação por ser acusado de liderar uma suposta trama golpista que buscava reverter o resultado das eleições de 2022. Essa situação ocorre em um contexto onde as regras do foro privilegiado já foram alteradas, permitindo que investigações de autoridades que cometem crimes utilizando suas funções públicas continuem dentro da Corte, mesmo após o término do mandato. Esta mudança, implementada pelo STF em março de 2023, reflete um aumento na gravidade das acusações contra autoridades públicas.

A defesa de Bolsonaro argumenta a favor da absolvição, contestando as provas apresentadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que busca a condenação de todos os réus envolvidos. A diferença crucial entre os julgamentos reside na instância judicial: enquanto Lula foi julgado em primeira instância, Bolsonaro enfrenta atualmente o julgamento em última instância no STF, o que pode dar um viés ainda mais decisivo ao seu caso.

Impacto das mudanças nas regras do foro privilegiado

O foro privilegiado, que na sua essência foi criado para proteger as autoridades de influências externas e permitir um julgamento mais imparcial, passou por significativas reformulações nos últimos anos. Antigamente, ele limitava o julgamento de autoridades apenas enquanto estas exercitavam seus mandatos, mas, atualmente, a jurisprudência evoluiu para assegurar que as investigações continuem mesmo após o término desses mandatos. Esse movimento legislativo está diretamente ligado à crescente necessidade de responsabilização de políticos e figuras públicas que possam abusar de suas funções.

“O julgamento em última instância pelo STF representa um processo que pode ser mais concentrado e livre de influências externas, embora também signifique que não há possibilidade de recursos para revisão por outra instância”, explica o advogado e cientista político Nauê Bernardo Azevedo.

Expectativas no julgamento de Bolsonaro

O julgamento de Jair Bolsonaro é considerado um marco na política brasileira, não apenas pela gravidade das acusações, mas pela possibilidade de revisões futuras dentro do próprio STF. A próxima sessão está programada para a terça-feira (9/9), onde o voto do relator, ministro Alexandre de Moraes, será crucial para as deliberações.

Com as duas narrativas se desenrolando simultaneamente, o público brasileiro mantém um olhar atento sobre os rumos que esses julgamentos tomarão e as implicações que trarão, não apenas para Lula e Bolsonaro, mas para a integridade da democracia e do sistema judiciário no Brasil.

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