O desfile de 7 de Setembro, que acontece neste domingo em Brasília, será um momento significativo não apenas pelas celebrações patrióticas, mas também pelas figuras políticas que estarão presentes e aquelas que optaram por estar ausentes. Enquanto ministros e autoridades do governo Lula se preparam para o evento, algumas importantes ausências vão além do que se poderia imaginar.
Presenças no desfile e suas implicações
Entre os nomes confirmados para o desfile, estão figuras de destaque do governo, como os ministros do União Brasil e do Progressistas. Embora estes partidos tenham formalizado, na última semana, o desembarque da base governista, a presença de André Fufuca (Esportes), Waldez Goés (Desenvolvimento Regional) e Frederico Siqueira Filho (Comunicações) indica um comprometimento contínuo com a agenda governamental. O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, que desempenha um papel central na liturgia militar da cerimônia, também é presença certa.
Além deles, ministros do núcleo mais forte do governo, como Gleisi Hoffmann e Alexandre Padilha, estarão ao lado do presidente, enfatizando a unidade do governo diante das divisões partidárias. Esse quadro revela um jogo político em que mesmo com as saídas de ministros de partidos aliados, ainda existem laços que sustentam o governo nas esferas mais críticas.
Ausências que falam mais alto
Contrapondo as presenças ilustres, algumas ausências se destacam e geram questionamentos sobre o cenário político atual. No Judiciário, a não presença do presidente do STF, Luís Roberto Barroso, e do ministro Edson Fachin é um sinal de um distanciamento entre as instituições. No Legislativo, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), se fará presente em Macapá, enquanto a confirmação da presença do presidente da Câmara, Hugo Motta, ainda é incerta.
A ausência de Alcolumbre acontece em um contexto delicado, onde discussões sobre a anistia aos envolvidos nos atos do 8 de janeiro fervilham no Senado. Ele já se posicionou contra um perdão amplo, o que coloca em evidência a polarização em curso. A política brasileira, mais do que nunca, mostra-se marcada por disputas ideológicas exacerbadas.
O governador do Distrito Federal e a busca por diálogos
Outro político que não irá ao desfile é o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), que viajou para um evento empresarial em Washington, nos Estados Unidos. Sua ausência não apenas ecoa a desconexão entre a gestão local e a federal, mas também acentua a busca do governo por diálogos com o setor privado. A escolha de participar de eventos fora do Brasil indica um foco na competitividade econômica e na busca por investimentos.
Uma celebração repleta de simbolismos
Neste ano, o governo planeja utilizar a data para reafirmar a soberania nacional e o patriotismo, em um contraste com a base bolsonarista. O desfile ocorrerá na Esplanada dos Ministérios e promete ser um embate político claro, especialmente após os desdobramentos sobre tarifas anunciados pelo presidente dos Estados Unidos.
O contraponto bolsonarista em São Paulo
Enquanto Brasília sedia a cerimônia oficial, em São Paulo, aliados de Jair Bolsonaro organizam uma manifestação na Avenida Paulista. O foco do ato inclui defesas da anistia e críticas ao julgamento do ex-presidente no Supremo Tribunal Federal, um movimento que busca mobilizar a base conservadora e demonstrar a força política da oposição nas ruas.
Entre os confirmados para essa mobilização estão governadores como Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Romeu Zema (Novo), além de figuras do Congresso alinhadas ao bolsonarismo, como o senador Rogério Marinho e deputados como Sóstenes Cavalcante e Nikolas Ferreira. A presença de lideranças religiosas, como Silas Malafaia e Marco Feliciano, e da própria Michelle Bolsonaro reforçam a estratégia de mobilização social dentro da oposição.
A participação da ex-primeira-dama dependerá da saúde de Jair Bolsonaro, que enfrenta crises de soluços, resultado da facada sofrida em 2018. Caso não compareça, um áudio de Michelle será transmitido no ato, sinalizando a continuidade do engajamento político mesmo na ausência física.
Dessa forma, a celebração do 7 de Setembro em Brasília, com suas presenças e ausências, não deixa de ser um reflexo das tensões políticas atuais, reafirmando o papel do desfile como um palco não apenas de comemoração, mas também de disputas ideológicas.