Os produtores europeus de carnes, laticínios e aves estão em alta devido ao boom da tendência global por dietas ricas em proteína, enquanto grandes companhias de alimentos ultraprocessados e bebidas alcoólicas enfrentam dificuldades para recuperar volumes de vendas, mesmo com a normalização da inflação de alimentos.
Mercado proteico em ascensão na Europa
Segundo relatos de empresas do setor, a demanda por alimentos ricos em proteína cresceu significativamente. A britânica Cranswick, produtora de carnes, destacou que suas linhas premium tiveram desempenho superior graças ao apetite crescente por proteína. A suíça Emmi, fabricante de laticínios, elevou suas projeções de vendas ao se beneficiar do movimento em direção à nutrição saudável e naturalidade, com o segmento de produtos proteicos crescendo mais de 20% ao ano.
Inovação e diversificação de produtos
A Emmi lançou recentemente uma água proteica, além de acrescentar sabor morango a sua linha de substitutos de refeição e desenvolver novas versões de seu Caffè Latte pronto para consumo com alto teor de proteína. Essas ações mostram a adaptação do setor às novas preferências do consumidor.
Perspectivas de crescimento para o setor de proteínas
Dados da Ocado Group indicam que as buscas por alimentos ricos em proteína mais do que dobraram em 2025 em comparação ao ano anterior. Além disso, o mercado europeu de proteína deve crescer para US$ 9,3 bilhões até 2033, ante cerca de US$ 5,7 bilhões em 2024, segundo a pesquisa da Renub Research.
Desafios enfrentados pelas gigantes de alimentos ultraprocessados
Enquanto as empresas menores se beneficiam, os maiores fabricantes de snacks, chocolates e bebidas alcoólicas enfrentam queda de volumes. Nos últimos seis meses, as ações da Nestlé caíram 14%, a da Heineken recuaram 17% e a da Diageo perderam 7,6%. Em contrapartida, a Glanbia subiu 40% e a Cranswick, 3,8%, refletindo a crescente discrepância de desempenho.
Impactos das tendências de consumo
Especialistas apontam que o estilo de vida mais saudável, com menos consumo de álcool e ultraprocessados, é particularmente forte entre as gerações mais jovens. Segundo Jon Cox, analista da Kepler Cheuvreux, o álcool está sob pressão porque os jovens bebem menos, enquanto os usuários de medicamentos contra obesidade, como GLP-1, reduzem seu consumo de doces, snacks e bebidas alcoólicas.
Obstáculos e mudanças no mercado
Apesar do crescimento de produtos proteicos, os estrategistas alertam que medicamentos como Ozempic representam um obstáculo adicional. Segundo Douillet, da Bloomberg Intelligence, uma parcela significativa da receita dessas empresas pode enfrentar uma redução de 20% a 30% ao longo de cinco ou dez anos, dificultando o retorno aos volumes anteriores ao crescimento sustentável.
Transformações e novas estratégias
Empresas como a Nestlé têm lançado produtos focados em saúde, incluindo embalagens menores e maior teor de proteína, embora os lucros atuais ainda sejam limitados. A competidora menor Danone tem se destacado ao apostar em categorias de laticínios, como o iogurte Activia, para impulsionar o crescimento.
O mercado também presencia a divisão da Kraft Heinz, gigante global de alimentos, que anunciou sua separação em duas empresas distintas. Essa estratégia reforça a busca por maior agilidade e foco na inovação por parte das grandes companhias.
Desafios futuros
Apesar do otimismo de muitas empresas, o cenário apresenta dificuldades. A estimativa de crescimento orgânico de vendas para as principais companhias europeias de bens de consumo para 2025 foi revisada de 4,1% para 3,2%. Além disso, a diminuição do consumo de ultraprocessados e bebidas alcoólicas entre as gerações mais jovens indica uma mudança de comportamento a longo prazo.
Analistas alertam que a maior adoção de medicamentos contra obesidade e a preferência por estilos de vida mais saudáveis podem limitar o crescimento do setor de alimentos ultraprocessados e bebidas alcoólicas, impactando os resultados financeiros das gigantes do setor.
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