Em um cenário inusitado, uma bandeira do Brasil gigante, típica de torcidas organizadas em estádios de futebol, surpreendeu os 8,8 mil manifestantes que participaram do ato organizado por partidos e organizações de esquerda na Praça da República, no centro de São Paulo. O evento, realizado em 7 de Setembro, teve sua estimativa de público feita pela iniciativa “Monitor do Debate Político”, do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), coordenada pelos professores Pablo Ortellado e Márcio Moretto, da Universidade de São Paulo (USP), em parceria com a ONG More in Common.
Resgatando a bandeira nacional
A bandeira do Brasil, assim como a famosa camiseta da Seleção Brasileira de futebol, vem sendo utilizada nos últimos anos como símbolo por setores da direita e simpatizantes do bolsonarismo. No entanto, o ato da esquerda em São Paulo buscou um resgate desse símbolo nacional, associando-o à soberania e à identidade brasileira. O movimento, que ganha força nas redes sociais, pretende reverter a ideia de que a bandeira é propriedade exclusiva de grupos políticos da direita.
“É hora de mostrar que a bandeira do Brasil representa todos os brasileiros, independentemente de sua ideologia política. Queremos reafirmar que este símbolo pertence ao povo e à luta por justiça social”, disse uma das organizadoras do evento.
Ato pela soberania
A defesa da soberania nacional foi um dos principais temas tratados durante a manifestação deste 7 de Setembro, que contou com a participação da Frente Povo Sem Medo, uma coalizão que inclui o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), além de movimentos sindicais como a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a União Geral dos Trabalhadores (UGT).
Entre os líderes presentes estava o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, além do presidente nacional do PT, Edinho Silva, e deputados federais como Guilherme Boulos e Érika Hilton, ambos do PSOL. Para Boulos, “o ato é um momento de reafirmação da luta pela soberania e um chamado a todos os brasileiros a se unirem em prol de um país mais justo”.
Participação popular e diversidade de símbolos
Dentre os participantes da manifestação, muitos vestiam camisetas amarelas ou carregavam bandeiras do Brasil, uma imagem que reforçava a tentativa de recuperação do símbolo nacional pela esquerda. Guilherme Boulos, por exemplo, chegou ao evento com um agasalho preto do time Corinthians, mas logo retirou a peça, revelando uma camiseta amarela, simbolizando a união e o apoio a uma causa coletiva.
Os organizadores explicaram que o uso da bandeira gigante representava não apenas um símbolo de resistência, mas também um apelo à cidadania e à união em torno de temas que dizem respeito a todos os cidadãos, independentemente de suas divergências políticas. Ao longo do ato, palavras de ordem e cantos reverberavam na Praça da República, simbolizando a força de um movimento que busca resgatar não apenas a bandeira, mas um Brasil mais justo e igualitário.
O futuro das manifestações e a symbolica da bandeira
O ato de 7 de Setembro em São Paulo reflete um momento de transformação e ressignificação de símbolos no Brasil. A bandeira, que por tanto tempo foi exclusividade de uma parte do espectro político, é agora vista como uma oportunidade para a esquerda reafirmar seu lugar na narrativa nacional. “Não podemos deixar que a bandeira do Brasil seja um símbolo de divisão. Ela deve unir todos os brasileiros na luta por direitos”, afirmam os ativistas.
Com o clima de expectativa para as próximas manifestações, fica a pergunta se esse movimento de resgate da bandeira e outros símbolos nacionais poderá consolidar uma nova frente de diálogo entre as várias correntes políticas do Brasil, ou se as divisões continuarão a marcar o cenário político do país nos próximos anos. Mas, por enquanto, os organizadores e manifestantes veem um avanço significativo em sua luta por um Brasil mais inclusivo e respeitoso com suas diversas identidades.
A luta pela soberania e pela reapropriação de símbolos que pertencem ao povo continua, e o ato de 7 de Setembro se destaca como um marco importante nesse processo.