Brasil, 6 de setembro de 2025
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Perfil dos apostadores no futebol: quem são os novos jogadores das bets

Homens jovens de baixa renda dominam apostas esportivas no Brasil.

João Henrique Oliveira, um designer gráfico de 25 anos, é um dos muitos brasileiros que se aventuram no mundo das apostas esportivas. Nascido e criado na pequena Ruy Barbosa, na Chapada Diamantina, Bahia, ele vive com uma renda entre 1 e 2 salários mínimos. Embora sua principal atividade seja o design, João também busca formas de complementar sua renda e encontrou nas apostas esportivas uma forma de diversão e descontração.

Apostas como forma de entretenimento

João Henrique se descreve como um verdadeiro fã de futebol e, nos momentos de lazer, encontra nas apostas uma maneira de intensificar sua paixão pelo esporte. Ele aposta não apenas em seu time do coração, o Bahia, mas em diferentes jogos, buscando sempre surpreender seus amigos com seu conhecimento no assunto. “Já apostei em outros esportes, mas o futebol é o que eu realmente paro para assistir e conversar com meus amigos”, diz.

Com um tíquete médio de apostas de apenas R$ 20, João deixa claro que não busca enriquecer com isso; ele considera suas apostas como uma forma de brincar. Essa visão lúdica é compartilhada por muitos de seus compatriotas, que, assim como ele, estão se aventurando nas plataformas de apostas online.

Perfil demográfico dos apostadores

Uma pesquisa recente publicada pelo jornal O Globo, em parceria com a Ipsos-Ipec, aponta que João Henrique representa uma parcela significativa dos torcedores jovens no Brasil. De acordo com os dados, 16,6% dos torcedores brasileiros já realizaram apostas em partidas de futebol. O interesse se intensifica entre aqueles com renda familiar de 2 a 5 salários mínimos, onde 20,3% afirmam ter apostado em pelo menos uma ocasião.

As mulheres, por outro lado, ainda estão sub-representadas nesse universo. Enquanto 22,9% dos homens se dedicam a apostar, apenas 8% das mulheres se arriscam nas bets. Essa diferença se torna ainda mais evidente entre os jovens, onde a maioria dos apostadores são homens entre 16 e 24 anos.

Regiões com maior concentração de apostadores

Geograficamente, a pesquisa revela que o Centro-Oeste do Brasil possui a maior proporção de apostadores, com 20,3% dos torcedores locais informando que fazem apostas. Contudo, os nordestinos se destacam por serem os que mais frequentemente participam das apostas, com 4,3% afirmando que sempre apostam.

Em muitos casos, a falta de opções de entretenimento nas pequenas cidades pode ser um fator que leva à popularização das apostas. Emílio Tazinaffo, pesquisador, sugere que as apostas se tornaram uma alternativa viável de diversão para jovens em centros menos urbanizados, onde opções culturais e de lazer são limitadas.

Impacto da pandemia e mudança de comportamento

O fenômeno das apostas ganhou força durante a pandemia, quando muitos jovens foram forçados a interagir socialmente de forma virtual. Com as limitações nas atividades presenciais, muitos passaram a utilizar as apostas como uma forma de manter contato e entretenimento. “O adolescente tende a imitar o outro; na pandemia, tudo isso ficou muito restrito à internet”, observa Tazinaffo.

Exemplos como o de Antônio Gomes Júnior, de 24 anos, reforçam essa tendência. Estudante de medicina, ele começou a apostar após ser influenciado por amigos, mas aprendeu a se controlar com o tempo, adotando uma abordagem mais responsável em relação ao jogo. “Na primeira semana, ganhei 500 reais e fiquei pensando que tinha que ganhar mais. Hoje em dia, jogo apenas por diversão”, contou Antônio.

Conclusão

As apostas esportivas no Brasil revelam um perfil demográfico interessante, predominantemente masculino, jovem e de baixa renda. Embora muitos vejam como uma forma de entretenimento, a pesquisa indica que a motivação para apostar inclui também a busca por ascensão econômica. Com o crescimento contínuo desse setor, será essencial monitorar seu impacto social e econômico nas comunidades, especialmente nas mais vulneráveis.

A pesquisa abrangente realizada entre 5 e 9 de junho de 2025, envolvendo 2.000 pessoas com 16 anos ou mais, deixa claro que o fenômeno das apostas no Brasil está longe de ser um jogo exclusivo para a elite; é, na verdade, um reflexo das dinâmicas sociais contemporâneas e das aspirações de uma juventude em busca de diversão e, quem sabe, um futuro melhor.

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