A deputada americana Nancy Mace (R-S.C.) deixou uma reunião fechada com vítimas de Jeffrey Epstein na terça-feira em Washington, D.C., alegando ter tido um “ataque de pânico” e mostrando-se visivelmente emocionada, com lágrimas, ao sair do encontro. Posteriormente, ela explicou sua saída em sua conta no X (antigo Twitter), dizendo que sente a dor das vítimas e que elas lutam sozinhas.
Reação diante da posição de Nancy Mace frente às vítimas de Epstein
Apesar da tentativa de demonstrar empatia, a postura da parlamentar foi rapidamente questionada por críticos, especialmente por sua forte ligação com Donald Trump, um dos principais apoiadores do ex-presidente, mesmo após várias acusações de assédio e abuso sexual contra ele.
Mace, que já revelou ter sofrido violência sexual e acusou quatro homens de abuso, fez um discursos fervoroso na Câmara em fevereiro, onde afirmou lutar contra criminosos que abusam de mulheres, incluindo seu ex-noivo Patrick Bryant, que a processou por difamação. Apesar das denúncias, ela mantém fidelidade à narrativa de Trump, mesmo após ele ter sido condenado em um processo civil por abuso sexual da escritora E. Jean Carroll em 2023.
Contradições na postura de defesa das vítimas
Critérios de coerência aparecem em xeque diante da atitude de Mace, sobretudo pelo fato de ela apoiar um político cuja própria história de acusações de assédio é vasta e documentada. Dados do HuffPost, por exemplo, mostram que dezenas de mulheres acusaram Trump de condutas inapropriadas ao longo de décadas, incluindo comentários e ações que justificariam a sua condenação moral.
Além disso, Trump e sua administração foram criticados por serem pouco transparentes na liberação dos arquivos do caso Epstein, com muitos documentos contendo informações que poderiam relacionar o ex-presidente às atividades do financista. Recentemente, a Comissão de Supervisão da Câmara tornou públicos milhares de documentos relacionados a Epstein, embora em uma pasta confusa no Google Drive, dificultando o acesso público.
A incoerência entre empatia e apoio a Trump
O fato de Mace se mostrar emocional durante a saída da reunião, enquanto continua apoiando um político suspeito de condutas semelhantes às enfrentadas por Epstein, gera questionamentos sobre a autenticidade de sua empatia. Sua postura revela uma dissonância cognitiva: uma tentativa de se posicionar ao lado das vítimas, mas com uma forte ligação a figuras controversas.
Segundo especialistas, a situação evidencia uma polarização que muitas vezes se sobrepõe à busca por justiça e reparação para as vítimas de abuso sexual, colocando figuras públicas sob o escrutínio da coerência ética e moral.
Perspectivas futuras e impacto na credibilidade de Mace
Analistas afirmam que, apesar da emotividade momentânea, a trajetória de Nancy Mace será avaliada também por suas posições políticas e alianças. Sua conexão com Trump, combinada com seu apoio às vítimas de Epstein, criará uma narrativa complexa, na qual autenticidade e interesses políticos serão constantemente questionados pela opinião pública e pelo cenário político norte-americano.
O episódio reforça a importância de transparência e ética na atuação de representantes políticos em temas sensíveis como abuso sexual e justiça, especialmente na era das redes sociais, onde cada movimento é amplamente monitorado.
