Um recente ataque aéreo dos Estados Unidos que destruiu um barco supostamente ligado ao tráfico de drogas na Venezuela, resultando na morte de 11 pessoas, destaca uma mudança drástica na estratégia do presidente Donald Trump em relação à América Latina. Essa escalada ocorre sob a liderança do Secretário de Estado, Marco Rubio, e pode ser apenas o começo de uma abordagem mais agressiva dos EUA contra os cartéis de drogas da região.
Um novo enfoque na luta contra os cartéis
O ataque de terça-feira é o resultado de anos de Trump buscando aplicar força militar — embora legalmente questionável — contra os cartéis de drogas. Em 2020, Trump já havia considerado a possibilidade de lançar mísseis para destruir laboratórios de fentanil no México, segundo seu ex-secretário de Defesa, Mark Esper. Agora, mais de sete meses em seu segundo mandato, Trump parece estar mais desinibido em sua abordagem, contando com o apoio de Rubio, um defensor histórico de uma linha dura contra líderes socialistas, principalmente em Cuba e Venezuela.
“O que vai detê-los é quando você os explode, quando você se livra deles,” afirmou Rubio, enfatizando sua determinação em combater os cartéis. Ele zela pela ideia de que o presidente Nicolás Maduro está intimamente ligado ao tráfico de drogas que os EUA acreditam começar na Venezuela. Embora Rubio não tenha estado sempre em destaque nas discussões sobre crises globais, sua ascendência no que tange à política da América Latina é inegável.
Rubio na linha de frente da política latino-americana
O papel de Rubio como principal arquétipo da política dos EUA em relação à América Latina se solidificou com sua nomeação como Secretário de Estado. Ele possui uma longa história nas questões da região, começando sua campanha presidencial em 2015 na Freedom Tower de Miami, um marco para imigrantes cubanos. Em sua nova posição, Rubio tem pressionado os governos latino-americanos a enfrentarem os cartéis e a limitarem a influência da China, além de se opor à imigração irregular.
A administração Trump, junto com Rubio, defende que os cartéis são uma ameaça à segurança nacional, e essa visão se reflete na mobilização de forças navais e tropas no Caribe. O grupo criminosa “Tren de Aragua”, vinculado ao barco atacado, foi recentemente designado como organização terrorista, equiparando-se a grupos como al-Qaeda e Estado Islâmico.
Consequências e críticas à estratégia
A agressividade da estratégia não é isenta de críticas. Observadores e grupos de direitos humanos condenaram o ataque como um assassinato extrajudicial que viola normas internacionais e compromete a vida de civis. Daphne Eviatar, diretora do programa Segurança com Direitos Humanos na Anistia Internacional EUA, argumentou que “o uso de força letal neste contexto não tem justificativa.”
Entretanto, isso não parece deter a administração. Marco Rubio sugere que operações como essa podem se tornar mais comuns, afirmando que “este é um manual de contraterros, não o antigo manual antidrogas.” Para Rubio, as questões são pessoais; ele cresceu em Miami na década de 1980, imerso em políticas anti-Castro e na bolha do tráfico de drogas colombiano.
Desafios e um futuro incerto
Embora tenha afirmado em passado que o regime de Maduro estava em “tempo emprestado”, a realidade mostra que Maduro continua no poder, sustentado por aliados como Cuba e China. Em momentos de incerteza política, Rubio foi cauteloso ao descrever quais seriam os objetivos dos EUA em relação ao regime venezuelano que ele considera uma fachada de um cartel de drogas, evitando especulações sobre o futuro da política americana na região.
Em uma recente declaração, ele disse: “Estamos prontos para enfrentar os cartéis de drogas onde quer que estejam e contra os interesses dos Estados Unidos.” A determinação em manter uma postura firme frente a Maduro e ao narcotráfico parece ser uma constante na política externa dos EUA, mas as consequências dessa abordagem ainda precisam ser completamente avaliadas, especialmente no que diz respeito à estabilidade da região e ao impacto sobre a vida de milhões de pessoas.
O caminho à frente para a administração Trump, sob a égide de Rubio, provavelmente incluirá um foco renovado e uma postura mais agressiva contra o narcotráfico na América Latina, com repercussões que ecoarão além das fronteiras da Venezuela.