Após quase um século de discussões, o projeto do túnel que ligará os municípios de Santos e Guarujá, no estado de São Paulo, avança com a concessão da primeira licença ambiental. O edital do leilão, que ocorrerá no próximo dia 4 de outubro, foi lançado em um momento político de intensas disputas entre o governo federal e o governo do estado, o que torna essa obra ainda mais significativa. Este projeto é considerado uma solução estratégica para melhorar a mobilidade na região da Baixada Santista.
Uma longa história de espera
Apesar de ter sido idealizado inicialmente em 1927, o projeto do túnel Santos-Guarujá nunca havia saído do papel por questões financeiras e políticas. A ideia foi proposta pelo engenheiro Enéas Marini durante a gestão de Júlio Prestes como governador de São Paulo. Desde então, várias gestões tentaram retomar a discussão sobre a viabilidade do túnel, mas apenas neste ano, sob a liderança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do governador Tarcísio de Freitas, o projeto ganhou força.
A força política por trás da obra
Nos últimos meses, Lula e Tarcísio têm se revezado em elogios mútuos em relação ao projeto, embora haja uma tensão subjacente nas relações entre os dois. O presidente Lula tem enfatizado a importância da colaboração entre os diferentes níveis de governo, afirmando que “não pode haver rivalidade quando o assunto é o bem-estar da população”. Mesmo assim, ambos os líderes também têm competido por protagonismo político em torno da obra, o que se reflete em suas falas e postagens nas redes sociais.
Nas últimas semanas, a discordância se agravou. Tarcísio, em comparecimento a eventos internacionais, tem promovido o projeto e celebrado as potencialidades que ele trará à infraestrutura local, sem dar os devidos créditos ao governo federal. Aliados de Lula se manifestaram em descontentamento, visando lembrar que a conquista é resultado do esforço conjunto entre os dois governos.
O que esperar do leilão
O leilão para a construção do túnel Santos-Guarujá está marcado para esta sexta-feira (4) na sede da B3, em São Paulo. Com um investimento estimado em R$ 6,8 bilhões, duas empresas estão competindo: Acciona Concesiones, da Espanha, e Mota-Engil, de Portugal. A empresa que apresentar a melhor proposta será selecionada para desenvolver o projeto e, além da construção, também será responsável pela operação e manutenção do túnel, que terá duração da concessão de 30 anos.
Detalhes técnicos da obra
De acordo com o Ministério de Portos e Aeroportos, o túnel será formado por grandes blocos de concreto, que serão pré-moldados e submersos no fundo do canal. A técnica submersa foi escolhida devido à composição do solo na região, que requer uma abordagem menos invasiva em comparação aos túneis escavados. Estima-se que a estrutura tenha uma extensão de 1,5 km, dos quais aproximadamente 870 metros estarão submersos. Este projeto é considerado o mais ambicioso do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal.
Impactos esperados
Uma vez concluído, espera-se que o túnel melhore significativamente a mobilidade entre Santos e Guarujá, facilitando o tráfego de veículos, transporte público, caminhões, bicicletas e pedestres. Atualmente, cerca de 78 mil pessoas utilizam diariamente barcos e balsas para realizar a travessia entre as duas cidades. A obra é vista como vital para o desenvolvimento econômico da região, promovendo não apenas a mobilidade, mas também gerando empregos e fomentando o setor turístico.
O futuro da obra
Com a expectativa de que as obras sejam finalizadas até 2030, há um sentimento de alívio entre os moradores da Baixada Santista, que aguardam há décadas por essa melhoria significativa na infraestrutura local. O governo promete implementar um processo rigoroso para garantir a segurança e a eficiência na construção, e o clamor popular em pro do projeto se torna cada vez mais forte.
À medida que se aproxima a data do leilão, as tensões políticas permanecem, mas a esperança é de que o túnel Santos-Guarujá seja um marco para a mobilidade e o desenvolvimento na região.
