Brasil, 7 de setembro de 2025
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Morre o documentarista Silvio Tendler aos 75 anos

O cineasta Silvio Tendler, ícone do documentário brasileiro, faleceu após complicações de saúde. Sua obra é referência na memória política nacional.

O Brasil perde uma de suas grandes vozes do cinema. O renomado documentarista Silvio Tendler faleceu na manhã desta sexta-feira (5), aos 75 anos, no Hospital Copa Star, em Copacabana, na Zona Sul do Rio de Janeiro. A informação foi confirmada por sua filha, Ana Rosa Tendler. A causa da morte foi uma infecção generalizada, que deixou os admiradores da sua obra e amigos em luto.

Uma carreira dedicada à memória e à resistência

Silvio Tendler, conhecido como o “cineasta dos sonhos interrompidos” ou “cineasta dos vencidos”, dedicou sua carreira à narração de histórias de figuras marcantes da história brasileira, como os presidentes João Goulart e Juscelino Kubitschek, o guerrilheiro Carlos Marighella e o cineasta Glauber Rocha. Ao longo de mais de cinco décadas, ele produziu e dirigiu mais de 70 filmes e 12 séries para a televisão, sempre com foco em temas relevantes e controversos.

Algumas de suas obras mais icônicas incluem “Jango”, que explora a vida do ex-presidente João Goulart, e “Os Anos JK – Uma Trajetória Política”, que retrata o legado de Juscelino Kubitschek. Em 1981, também dirigiu o famoso “O Mundo Mágico dos Trapalhões”.

Silvio Tendler e sua paixão pelo cinema

Na série “Cineasta do Real”, que discute obras de documentaristas brasileiros, Tendler compartilhou sua paixão pelo cinema, que nasceu durante sua adolescência em um período turbulento da história brasileira.

“Minha paixão por cinema vem daquela geração que teve 14 anos em 1964. Era uma geração influenciada por Glauber, Godard e Truffaut. Eu me apaixonei por cinema”, revelou durante a série.

Início da trajetória e exílio

Tendler começou sua carreira no movimento cineclubista na década de 1960, e em 1968 liderou a Federação de Cineclubes do Rio. Com a ascensão da ditadura militar, ele se viu forçado a deixar o Brasil, inicialmente exilando-se no Chile e depois na França. Na Europa, formou-se em História na Universidade de Paris VII e completou seu mestrado em Cinema e História.

Durante seu exílio, ele preservou a paixão pelo cinema e fez dela uma ferramenta de resistência e reflexão sobre a realidade brasileira. Sua história de vida é um testemunho de superação, também retratada no documentário “A Arte do Renascimento”, dirigido por Noilton Nunes.

Contribuições e legado cultural

Desde 2011, Silvio utilizava cadeira de rodas devido a problemas de saúde que afetavam sua medula. Contudo, sua produção cultural nunca parou. Em 2021, lançou “Saúde Tem Cura”, um documentário que explora o Sistema Único de Saúde (SUS) e suas políticas públicas. Silvio também participou ativamente de festivais de cinema e eventos culturais até 2024.

Professor do Departamento de Comunicação Social da PUC-Rio desde 1979, Tendler também teve um breve envolvimento na política. Vindo de uma família judaica com raízes na Ucrânia e Bessarábia, ele viveu em lugares marcantes, como Tijuca e Copacabana, além de ter passado temporadas no Chile e na França.

Um legado imortal

O cineasta deixa uma filha, Ana Rosa Tendler, também cineasta, e sua obra permanece como uma referência para gerações futuras de cineastas, historiadores e ativistas culturais. O legado de Silvio Tendler é indiscutivelmente vasto; ele dedicou sua vida a preservar a memória política brasileira e a fortalecer o documentário como uma forma de resistência e crítica social.

Com um aporte significativo à cultura e à política, Silvio Tendler será lembrado não apenas como um grande documentarista, mas também como um defensor da justiça e um contador de histórias. O Brasil sente a perda deste ícone, cuja presença e realizações continuarão a inspirar muitos.

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