Brasil, 8 de setembro de 2025
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Morre o cineasta Silvio Tendler aos 75 anos

Morreu Silvio Tendler, um dos maiores documentaristas do Brasil, aos 75 anos. Seu legado no cinema e na cultura nacional é inestimável.

Morreu nesta sexta-feira (5) o cineasta Silvio Tendler, aos 75 anos, vítima de uma infecção generalizada. Ele estava internado no Hospital Copa Star, em Copacabana, Zona Sul do Rio de Janeiro. A confirmação foi feita por sua filha, Ana Rosa Tendler. Nos últimos dez anos, o diretor enfrentava complicações decorrentes de neuropatia diabética, doença que afeta o sistema nervoso.

Um legado no documentário brasileiro

Reconhecido como um dos maiores documentaristas do país, Tendler ganhou notoriedade por retratar figuras e episódios históricos da política brasileira. Entre suas obras mais conhecidas estão “Jango” (1984), “Os Anos JK – Uma Trajetória Política” (1980) e “Tancredo, A Travessia” (2011), que juntos formam sua aclamada “Trilogia Presidencial”.

O filme sobre João Goulart permanece até hoje como um dos documentários mais assistidos do cinema nacional, com cerca de 1 milhão de espectadores. Outros sucessos de Tendler incluem “O Mundo Mágico dos Trapalhões” (1981), com 1,3 milhão de espectadores, e “Os Anos JK”, que atingiu 800 mil. Esses números refletem não apenas a popularidade de suas produções, mas também o impacto cultural que exercem na sociedade brasileira.

Desafios e conquistas

Entre seus trabalhos mais ambiciosos está “Utopia e Barbárie”, projeto que levou duas décadas para ser concluído e revisita a segunda metade do século 20 com relatos de personalidades como Augusto Boal, Eduardo Galeano e Susan Sontag. Este projeto ressalta a dedicação de Tendler em explorar e documentar as complexidades da história brasileira e suas intersecções com o mundo.

Uma carreira marcada pela resistência

Nascido no Rio de Janeiro em 1950, Tendler iniciou sua trajetória no cinema nos anos 1960, liderando a Federação de Cineclubes do Rio. Durante a ditadura militar, exilou-se no Chile e depois na França, onde estudou História na Universidade de Paris VII e concluiu mestrado em Cinema e História na Sorbonne.

Ao retornar ao Brasil, passou a lecionar na PUC-Rio e fundou, em 1976, a produtora Caliban, responsável por mais de 80 títulos que consolidaram sua influência no cinema documental brasileiro. Seu comprometimento com a educação e a cultura sempre foi evidenciado por sua vontade de compartilhar conhecimento e inspirar novas gerações de cineastas.

A vida pública e os prêmios

Além da carreira artística, Tendler atuou na esfera pública. Em 1990, integrou a Secretaria de Cultura e Esportes do Distrito Federal e colaborou com a Unesco em projetos de fomento ao audiovisual no Mercosul. Ao longo da vida, foi agraciado com mais de 60 prêmios, incluindo a Ordem Rio Branco, concedida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2006, e a Ordem do Mérito Cultural, recebida em maio de 2025. Esse reconhecimento demonstra a relevância de sua obra e seu papel na promoção da cultura brasileira tanto em nível nacional quanto internacional.

Um exemplo de superação

Sua trajetória também foi marcada por desafios pessoais. Em 2011, enfrentou uma grave condição que o deixou tetraplégico temporariamente, mas, após cirurgia e longa reabilitação, retomou as atividades cinematográficas, participando de eventos, festivais e lançando filmes até 2024, como “Saúde Tem Cura” (2021), que aborda o Sistema Único de Saúde. Esta superação pessoal é um testemunho do espírito resiliente de Tendler e de sua inabalável paixão pelo cinema.

Um legado eterno

Tendler deixa um legado sólido, não apenas pelo volume e qualidade de sua produção, mas pelo engajamento político e pela defesa da memória histórica. Conhecido como o “cineasta dos sonhos interrompidos”, sua obra mantém viva a história de personalidades e movimentos que ajudaram a moldar o Brasil contemporâneo. A sua visão única e sua capacidade de contar histórias impactantes fazem de Silvio Tendler uma figura inesquecível na cultura brasileira.

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