Nesta quinta-feira (4), o Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos realizou uma operação que resultou na prisão de 475 imigrantes na fábrica de baterias da Hyundai, localizada na Geórgia. A ação, autorizada por mandados de busca e detenção, interrompeu as atividades na instalação e gerou tensões diplomáticas entre Washington e Seul.
Operação de fiscalização e suas implicações
Segundo comunicado do DHS, muitos dos detidos não possuíam autorização de trabalho nos EUA, tendo apenas vistos temporários de turismo ou negócios. A operação foi a maior de sua história, com agentes da Homeland Security Investigations (HSI) executando mandados de busca por práticas ilegais de emprego e outros crimes federais. Um vídeo divulgado nas redes sociais mostra um oficial do HSI ordenando o fim imediato das atividades no local.
O porta-voz do Departamento de Justiça afirmou que várias pessoas tentaram fugir durante a ação, algumas precisaram ser resgatadas de um lago de esgoto próximo à fábrica. A operação foi justificadas pelo governo Trump como uma medida para proteger empregos locais e garantir condições iguais para empresas que cumprem a lei.
Repercussões internacionais e respostas
O governo sul-coreano manifestou preocupação com a operação, sobretudo pelo impacto em uma das maiores investidas internacionais da Hyundai nos EUA. O Ministério das Relações Exteriores da Coreia do Sul destacou, em comunicado oficial, que as atividades de suas empresas não devem ser violadas durante investigações legais, e que muitas das detenções envolveram trabalhadores de uma rede de subcontratados.
Estima-se que cerca de 300 dos presos sejam cidadãos sul-coreanos, sendo que a maioria faz parte de uma rede de subcontratados trabalhava na fábrica. O Ministério também expressou preocupação com a possibilidade de que essas ações agravem as tensões entre Seul e Washington, especialmente em meio a negociações comerciais recentes.
Contexto político e impacto na relação bilateral
As detenções ocorrem em um momento de intensificação do discurso anti-imigração do governo Trump, que busca fortalecer a fiscalização e a aplicação de leis migratórias. Abigail Jackson, porta-voz da Casa Branca, afirmou que o governo irá continuar garantindo que trabalhadores estrangeiros estejam legalmente autorizados a trabalhar nos EUA, reforçando o compromisso de Trump com a legalidade e a proteção do mercado de trabalho local.
No entanto, a ação gerou críticas do Partido Democrata da Geórgia, que acusa a operação de ser uma tática de intimidação política destinada a assustar imigrantes trabalhadores, que contribuem significativamente para a economia do estado. Especialistas apontam que, além das implicações diplomáticas, a operação deve afetar negativamente os investimentos brasileiros e sul-coreanos no país.
Impactos futuros e desdobramentos
A operação, que interrompeu a produção na fábrica da Hyundai, pode ampliar as tensões entre Washington e Seul, sobretudo devido ao peso econômico do investimento sul-coreano na região. A Hyundai, assim como sua parceira LG Energy Solutions, afirmou estar colaborando com as autoridades e garantiu que nenhum dos presos é funcionário direto da montadora.
O Ministério das Relações Exteriores da Coreia do Sul afirmou que a detenção de trabalhadores sul-coreanos é uma preocupação, reforçando que o governo continuará acompanhando o caso de perto. A operação também intensifica o debate sobre as políticas migratórias do governo Trump e o impacto dessas ações na relação bilateral com países investidores.
Ainda não há previsão de quando as atividades na fábrica serão retomadas, mas a operação reforça o discurso de fortalecimento da fiscalização extralegal contra o que o governo considera prática ilegal de contratação de imigrantes irregulares.
Para ler mais detalhes, acesse a reportagem completa no G1.