Giorgio Armani faleceu nesta quinta-feira (4), aos 91 anos, deixando uma marca indelevel na moda mundial. Fundador de uma das marcas mais reconhecidas do planeta, ele sempre destacou a importância da autonomia da empresa que construiu ao longo de cinco décadas.
Legado e controle da marca
Controlador majoritário, Armani nunca teve filhos e deixou uma companhia que, em 2024, registrou receita de 2,3 bilhões de euros (R$ 14,6 bilhões). Apesar de uma queda nos lucros, a marca permanece altamente valorizada, segundo especialistas do setor, como Mario Ortelli, sócio-diretor da consultoria de luxo Ortelli&Co.
“Giorgio Armani poderia ser um alvo interessante para investidores? Com certeza, pois é uma marca globalmente reconhecida e com uma identidade de estilo bastante clara”, afirmou Ortelli. Entretanto, ele acrescentou que um acordo de médio prazo parece improvável, devido às posições de Armani de manter o controle absoluto sobre sua criação.
Sistema de sucessão e preservação do legado
Desde 2016, Armani vinha planejando sua sucessão por meio de uma fundação, criada para proteger a governança dos ativos do grupo e assegurar a continuidade do controle familiar. Em entrevista ao jornal italiano Corriere della Sera, o estilista destacou a importância do mecanismo para evitar divisões ou aquisições por terceiros.
Atualmente, os principais herdeiros incluem sua irmã Rosanna, as sobrinhas Silvana e Roberta, além do sobrinho Andrea Camerana, todos com posições relevantes no grupo. Seu braço direito, Pantaleo Dell’Orco, também é considerado uma peça chave para o futuro da empresa.
Medidas para garantir a independência
Armani redigiu estatutos que determinam uma governança cautelosa, incluindo regras para futuras aquisições e uma divisão de ações com diferentes direitos de voto. Assim, busca-se preservar a autonomia do grupo, que nunca pretendeu abrir capital na Bolsa de Valores.
Planos futuros e estratégia de crescimento
Apesar de operar num nicho relativamente pequeno em comparação com gigantes como LVMH ou Kering, Armani mantém foco em investimentos estratégicos para o longo prazo. Investimentos recentes incluíram reformas em lojas emblemáticas, como em Nova York e Milão, além da expansão de suas operações digitais e do novo Palazzo Armani em Paris.
Segundo Armani, a meta é continuar investindo em projetos que potencializem o valor simbólico e prático da marca, com uma forte presença na Europa, que responde por quase metade de sua receita.
Transição de liderança
Em entrevista ao Financial Times, Armani afirmou que pretende uma transição gradual das responsabilidades para sua equipe de confiança e familiares. Algumas posições, como as de presidente e CEO, precisarão ser ocupadas por novos nomes, possivelmente profissionais de longa data como Giuseppe Marsocci ou Daniele Ballestrazzi.
Quanto à estratégia criativa, a dúvida persiste se a marca adotará um único diretor criativo ou uma equipe de líderes. Armani já vinha preparando o grupo para esse momento e, com a sua partida, o futuro da marca deve ser definido por seus herdeiros e parceiros próximos, conforme indicou Mario Ortelli.
Mais informações sobre os planos de Armani devem surgir nas próximas semanas, com o acerto oficial do testamento e a definição de sucessores.
Para saber mais detalhes sobre o impacto da morte de Giorgio Armani na moda mundial, acesse esta matéria no G1.