Funcionários do Hospital Maternidade Herculano Pinheiro, localizado em Madureira, na Zona Norte do Rio de Janeiro, denunciaram a ausência de médicos pediatras em plantões, uma situação que está comprometendo a assistência a pacientes, especialmente recém-nascidos em estado crítico. Este problema recorrente tem gerado grande preocupação entre os profissionais de saúde e familiares que dependem do atendimento na unidade.
Incidente alarmante na UTI
Um dos casos mais preocupantes ocorreu na noite de terça-feira (2), quando uma gestante deu à luz seu oitavo filho. O recém-nascido nasceu com peso abaixo do normal, apresentando problemas respiratórios e foi encontrado banhado em mecônio. De acordo com uma médica da unidade, que optou por permanecer anônima, não havia pediatra de plantão no momento do parto.
Com a situação crítica do bebê, a médica obstetra teve que realizar a aspiração do recém-nascido, que foi imediatamente internado na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) sem o devido acompanhamento médico. Apenas enfermeiras estavam disponíveis para monitorar seu estado. Em razão da gravidade da situação, o recém-nascido foi transferido para o Hospital Maternidade Alexander Fleming, onde permanece em estado grave.
Uma situação crônica
De acordo com relatos de funcionários, a falta de pediatras no Hospital Herculano Pinheiro não é uma ocorrência isolada. Entre a noite de segunda-feira (1º) e quarta-feira (3), não havia médicos pediatras na unidade. Mesmo nos dias seguintes, quinta (4) e sexta-feira (5), os plantões pediátricos foram realizados apenas no período diurno, o que deixou a assistência noturna comprometida.
Os relatos ainda indicam que a maternidade não possui diretor técnico nem chefia médica nas áreas de pediatria e obstetrícia, o que tem gerado um sentimento de descaso entre os profissionais. “Isso é um descaso, uma falta de respeito”, afirmou uma funcionária que pediu para não ser identificada. Ela relatou que, diante de emergências, não há orientação clara da direção sobre como proceder.
Resposta da Secretaria de Saúde
Em resposta às denúncias, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que a Empresa Pública de Saúde (RioSaúde) está em processo de contratação de 11 neonatologistas para solucionar a vacância no Herculano Pinheiro. A SMS também declarou que, enquanto esse quadro não se resolve, a maternidade realizará apenas partos de baixo risco e casos mais complexos serão transferidos para outras unidades.
Críticas do Sindicato dos Médicos
Entretanto, essa medida foi criticada pelo presidente do Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro, Alexandre Telles. Para ele, a falta de pediatras é um problema sério que não pode ser resolvido desta forma. “Todo parto tem que ter uma assistência de pediatra”, afirmou Telles, ressaltando que a UTI também não pode operar sem médicos especializados. Ele destacou que a região de Madureira está enfrentando um quadro cada vez mais complexo, com índices de mortalidade materna superiores à média do município.
Esta situação na Maternidade Herculano Pinheiro destaca a urgência de soluções adequadas para a saúde pública na região, pois a vida de mães e recém-nascidos depende de um atendimento especializado e eficiente. O que se espera agora é que as promessas sejam cumpridas e que as mudanças necessárias aconteçam, garantindo um atendimento digno e eficaz para todos.
Enquanto isso, o desespero e a ansiedade continuam a tomar conta de famílias que buscam um atendimento seguro e de qualidade para seus filhos. A população aguarda uma resposta contundente por parte das autoridades competentes, pois cada vida é inestimável.
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