WASHINGTON — Se um acordo de paz entre Rússia e Ucrânia for finalmente estabelecido, os Estados Unidos podem assumir a liderança na supervisão de uma vasta zona de buffer dentro da Ucrânia, uma medida proposta para proteger o país das incursões russas. Essa informação foi obtida de quatro pessoas que estão por dentro de um plano em discussão entre oficiais militares e aliados da Ucrânia, incluindo os EUA.
O que é a zona de buffer?
A zona de buffer seria uma área desmilitarizada extensa — os limites da qual ainda não foram definidos — dentro do que é atualmente o território ucraniano, estabelecendo um divisor entre as terras russas e ucranianas no país. Graças às suas capacidades tecnológicas, os Estados Unidos assumiriam a responsabilidade pela vigilância da zona, utilizando drones, satélites e outras capacidades de inteligência. No entanto, essa tarefa seria coordenada com outros países que também fariam o monitoramento.
Trocas sobre segurança e presença militar
A segurança da zona poderia ser garantida por tropas de um ou mais países não pertencentes à OTAN, como a Arábia Saudita ou até mesmo Bangladesh, conforme revelaram as fontes familiarizadas com o plano. É importante ressaltar que não haverá tropas americanas dentro da Ucrânia, segundo os informantes. O presidente russo Vladimir Putin precisaria concordar com qualquer plano que envolvesse garantias de segurança para a Ucrânia. A participação da OTAN é um tema delicado para Putin, fazendo com que os responsáveis pelo planejamento evitem qualquer uso de forças ou marcação que remeta à Aliança Atlântica.
Garantias de segurança sem a OTAN
Assim, as garantias de segurança provavelmente dependeriam de tropas de países não membros da OTAN e de uma combinação de acordos bilaterais entre a Ucrânia e seus aliados. Esses acordos seriam suficientes para proporcionar à Ucrânia garantias de segurança sem invocar o Artigo V da OTAN — que assegura que um ataque a um membro é um ataque a todos. Esse é um ponto crítico para Moscou.
Desafios na formulação de um acordo
Qualquer plano permanece apenas provisório até que Putin e o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky concordem, assim como líderes de países que se envolveriam nas garantias de segurança, incluindo o ex-presidente Donald Trump. O desenvolvimento desse plano ocorreu após a reunião de Trump com Putin no Alasca, em 15 de agosto. Embora essa reunião fosse vista como um passo em direção a mais diálogos, as negociações para um acordo de paz estão avançando lentamente. Contudo, os aliados da Ucrânia continuam a trabalhar nas possíveis garantias de segurança, que seriam essenciais para a paz.
Reunião dos aliados e as ações futuras
Na quinta-feira, membros do grupo de aliados, informalmente conhecido como “coalizão dos dispostos”, se encontraram para potencialmente formalizar aspectos do plano, com a liderança da França e do Reino Unido, que devem conduzir os esforços para fornecer segurança à Ucrânia após o fim do conflito. Após a reunião, Zelensky destacou sua satisfação com a prontidão de cada país para assegurar a segurança em várias frentes.
Rejeição de Putin às tropas estrangeiras
Entretanto, na sexta-feira, Putin rejeitou a ideia de que tropas de outros países participem do monitoramento, afirmando que a presença militar estrangeira seria uma das principais razões para a Ucrânia buscar integração à OTAN. Ele acrescentou: “Se acordos forem alcançados para uma paz duradoura, não vejo sentido na presença deles na Ucrânia.”
A importância da economia e do fluxo de bens
Além da zona de buffer, garantir que a Rússia não possa restringir a economia da Ucrânia é fundamental. Nesse sentido, a Turquia seria responsável por assegurar o fluxo ininterrupto de bens e serviços no Mar Negro através de vigilância e fiscalização nas estreitas do Bósforo e Dardanelos. A Turquia já desempenhou um papel importante na segurança do corredor marítimo que foi estabelecido para permitir a exportação de grãos da Ucrânia após o início da invasão russa.
Diálogo contínuo e opções de garantias de segurança
No Pentágono, as discussões sobre a situação estão sendo lideradas pelo general da Força Aérea Dan Caine, presidente do Estado-Maior Conjunto, com um foco amplo sobre a dissuasão, treinamento e cooperação industrial de defesa. Neste contexto, os EUA estão analisando um acordo com a Ucrânia que poderia valer cerca de US$ 100 bilhões, permitindo a Kyiv a compra de armas americanas enquanto exigem direitos de propriedade intelectual sobre os sistemas avançados que os ucranianos têm desenvolvido.
Próximos passos na diplomacia
A semana seguinte à reunião de Trump com Putin, Caine apresentou ao ex-presidente quatro opções para a garantia de segurança e recomendou a abordagem mais ousada. A secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, não se manifestou sobre os detalhes do plano, reafirmando que Trump é o tomador de decisões e evitando especulações sobre o que pode ou não ser apoiado por ele.
Os desafios nas negociações permanecem significativos, mas o foco em uma solução duradoura para a paz e a segurança na região continua sendo uma prioridade para os aliados da Ucrânia.