Brasil, 7 de setembro de 2025
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Empresário brasileiro preso na Espanha por estelionato contra bolivianos

João Pinheiro foi detido na Espanha por estelionato, acusado de enganar agricultores bolivianos e enfrenta processo no Brasil.

O empresário João Pinheiro, conhecido no setor de commodities e dono da empresa Sugar Brazil, foi preso na Espanha por um suposto estelionato cometido contra agricultores bolivianos. Além da prisão no exterior, ele também enfrenta uma ação criminal no Brasil pelo mesmo crime, refletindo as graves consequências de sua atuação no mercado. De acordo com o Ministério Público de São Paulo, o empresário vendeu um carregamento de açúcar, mas não o entregou, lesando uma empresa espanhola.

Histórico da fraude

O contrato de US$ 1,7 milhão foi fechado em setembro de 2023, e os primeiros pagamentos a Pinheiro foram realizados nos meses seguintes. Segundo o MP-SP, o empresário chegou a receber o equivalente a R$ 760 mil em dólares e, mesmo sabendo que não entregaria a mercadoria, induziu a empresa espanhola ao erro. Para tentar contornar a situação, ele enviou contratos de embarque que foram posteriormente revelados como falsos.

A denúncia contra Pinheiro foi protocolada à Justiça em fevereiro de 2025, e sua notoriedade aumentou em 2023, quando registrou um patrimônio de R$ 2,8 bilhões ao concorrer à prefeitura de Marília, em São Paulo. Sua situação se complicou quando, com um mandado de prisão internacional da Interpol, foi capturado na Espanha no final de maio.

A ação contra os agricultores bolivianos

O suposto estelionato de Pinheiro contra agricultores na Bolívia ocorreu no contexto da implementação do Complexo Industrial Canavieiro (Cicasa), que prometia processar mais de 2 toneladas de cana-de-açúcar por dia em Bermejo. O empresário se apresentou como um influente no ramo, negociando contratos para construir a usina. Contudo, as máquinas prometidas não foram entregues, resultando em sucessivos atrasos. Conforme reportado pelo jornal local El País, cerca de US$ 684 mil foram transferidos de bancos bolivianos para contas internacionais, prejudicando não apenas agricultores, mas também operadores de máquinas, transportadores e outros profissionais do setor.

Repercussão legal e negativa

Com o processo penal já em andamento, Pinheiro tenta agora também a liberdade no Brasil. Em um habeas corpus impetrado no Supremo Tribunal Federal (STF), seus advogados alegaram excesso de prazo, uma vez que o acordo de extradição entre a Espanha e a Bolívia estabelece um período de 45 dias para a conclusão de procedimentos. No entanto, o ministro Luís Roberto Barroso negou o pedido, afirmando que, por se tratar de uma ação do Poder Judiciário espanhol, era fora da competência do tribunal brasileiro. O caso ainda deve ser revisado pelo plenário do STF entre os dias 12 e 19 de setembro.

Opinião dos envolvidos

Wellington Siqueira, advogado da empresa que se considera vítima do golpe, foi enfático sobre a conduta de Pinheiro: “Ele tem uma conduta de estelionatário, levando os clientes para os depósitos dele em Marília, onde mostrava o açúcar, mas não entregava.” A indignação de Siqueira reflete a gravidade da situação e a confiança abalada dos negócios entre os envolvidos.

Impacto nas relações comerciais

Este caso levanta questões sobre a confiança em relações comerciais entre Brasil e Bolívia, especialmente em setores tão estratégicos quanto o de commodities. A fraude não apenas afetou os agricultores bolivianos, mas também a imagem do Brasil em um contexto internacional, onde a ética nos negócios é cada vez mais valorizada.

Assim, a história de João Pinheiro se desenrola em meio a um drama que envolve não apenas a justiça, mas também a dignidade de muitos trabalhadores que foram prejudicados por suas ações fraudulentas.

As repercussões desse caso ainda estão longe de acabar, e o desfecho do processo legal de Pinheiro poderá servir de alerta para outros empresários sobre a importância da transparência e da ética nas transações comerciais.

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