A BYD avançou uma posição no ranking de marcas mais vendidas de veículos zero km no Brasil em 2025, e agora ocupa a sétima colocação, segundo dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). Entre janeiro e agosto, a marca chinesa emplacou 66.419 veículos, superando a Honda, com 65.589 unidades vendidas no mesmo período.
Desempenho e fatores que impulsionaram a ascensão da BYD
A estratégia de grandes estoques e campanhas agressivas de redução de preços tem potencializado o crescimento da BYD no mercado brasileiro. Especialistas apontam que, desde o segundo semestre de 2024, a marca vem ganhando força, impulsionada por seus veículos híbridos e elétricos, além de uma política de preços competitivos.
“O nível de estoques que a BYD acumula no Brasil, aliado a campanhas promocionais, contribui para sua presença crescente nas concessionárias”, avalia Paulo Garbossa, diretor da ADK Automotive e especialista em mercado automotivo. Ele projeta que, com essa tática, a marca pode alcançar o top cinco de vendas no longo prazo, embora a retomada da Honda também seja esperada.
Comparativo de vendas e estoques
De janeiro a agosto, a BYD superou a Honda nos meses de abril, maio, julho e agosto, com maior vantagem registrada nos dois últimos meses. Em 2024, a marca chinesa terminou em décimo lugar, enquanto a Honda ficou na oitava posição, indicando que a disputa entre as duas continua acirrada.
Segundo o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Igor Calvet, os estoques das montadoras chinesas no Brasil atingiram 111 mil veículos em julho — um volume que tem chamado atenção e influencia a dinâmica do mercado.
Mercado de híbridos: disparidade de preços e desempenho
Embora a Honda continue forte no segmento de híbridos, a diferença de preços é expressiva: o Honda Civic Advanced Hybrid sai por R$ 265.900, enquanto o BYD Song Plus, seu equivalente mais acessível, custa R$ 249.990. Além disso, o modelo da BYD oferece tecnologia de rodar até 39 km somente em modo elétrico, recurso ausente na linha da Honda.
Na produção local, a Honda fabrica o HR-V e as versões do City na unidade de Itirapina (SP). Os demais modelos, incluindo Civic, Accord e ZR-V, são importados. A fábrica da BYD, em Camaçari (BA), produz o Dolphin Mini, o Song Pro e o King, além de desenvolver um motor híbrido flex para seus veículos futuros.
Perspectivas e o impacto no mercado brasileiro
Analistas destacam que a presença de estoques elevados e a estratégia de preços baixos da BYD têm tido grande impacto na competição. Entretanto, especialistas acreditam que a Honda tem potencial para reconquistar espaço com seus modelos tradicionais e híbridos de maior valor agregado.
“A disputa vai se intensificar nos próximos meses, mas a presença contínua da Honda com seus veículos fabricados no Brasil, aliada ao crescimento da BYD, promete transformar o cenário do mercado automotivo nacional”, avalia Milad Kalume Neto, consultor do setor.
Este movimento também chama atenção para a rápida ascensão dos veículos chineses no Brasil, reforçada pela chegada de importados e pelo desenvolvimento de novas versões híbridas e elétricas. Segundo a Anfavea, o volume de estoques chineses no país impacta a oferta e as estratégias das montadoras locais, de forma que o mercado brasileiro deve seguir como palco de intensas disputas pelo consumidor.