Hoje, São Paulo se prepara para receber um emocionante jogo de temporada regular da NFL, um evento que evoca memórias de uma experiência quase exótica vivida há 20 anos em Düsseldorf. Naquele maio de 2006, estive entre os poucos privilegiados que assistiram ao World Bowl XIV, onde o Frankfurt Galaxy venceu o Amsterdam Admirals em um estádio quase vazio. O MVP daquela partida, Butchie Wallace, corria para 143 jardas e um touchdown, deixando sua marca em uma liga que já não existe mais.
A trajetória de Butchie Wallace e a NFL Europe
Wallace, um jogador que passou por dificuldades para entrar na NFL via caminho tradicional do draft universitário, buscava na liga europeia uma oportunidade de chamar a atenção de franquias da NFL. Embora tenha passado dois anos como reserva no Minnesota Vikings, ele nunca teve a chance de jogar de fato. A NFL Europe, que encerraria suas atividades no ano seguinte, deixou um legado modesto, mas significativo, como a história inspiradora do quarterback Kurt Warner, tema do filme “Fé de um campeão”.
Nos últimos anos, a NFL se consolidou como um gigante esportivo nos Estados Unidos, alcançando um ponto em que a expansão interna se mostrava insustentável. A primeira experiência fora dos EUA, em 2005, no Estádio Azteca, no México, onde 100 mil torcedores se reuniram para um jogo entre San Francisco 49ers e Arizona Cardinals, acendeu a chama da internacionalização.
A expansão da NFL em território internacional
Em 2007, a NFL anunciou a cerimônia de despedida da liga europeia e o início das séries internacionais, marcando a presença de pelo menos um jogo da temporada regular por ano em Wembley, em Londres. Esse estádio se tornou um espaço sagrado para os torcedores europeus, que não apenas assistiam a seus times, mas também celebravam o futebol americano em festividades nos pubs locais.
A expansão dos jogos se intensificou, abrangendo não apenas o Reino Unido, mas também Alemanha, México e, desde o ano passado, o Brasil. Agora, o país sul-americano se destaca como um novo alvo de crescimento, atraindo a atenção de milionários americanos que enxergam potencial para o futebol americano.
O Brasil como foco da NFL
Com a inclusão de jogos programados para vários outros países, incluindo Espanha, Irlanda e Austrália, o Brasil se tornou a “menina dos olhos” da NFL. A liga está decidida a estabelecer raízes no país, da mesma forma que fez na Inglaterra ao longo de duas décadas.
Esse crescimento não passa despercebido pelas mídias locais, especialmente a Globo, que finalmente abraçou o futebol americano após um longo namoro à distância, mostrando que o momento para se envolver com esta paixão havia chegado.
Um sonho realizado para os torcedores brasileiros
À medida que Patrick Mahomes e Travis Kelce entram em campo nesta noite em Itaquera, uma multidão estará presente realizando um sonho. Esse evento não é apenas um jogo; é o fortalecimento de laços e a construção de uma cultura em torno do futebol americano, convergindo cada vez mais com as plataformas acessíveis da Globo. Para aqueles que testemunharam a trajetória do futebol americano no Brasil, desde os dias de Butchie Wallace, a evolução e o reconhecimento da NFL agora são a prova de que o esporte veio para ficar.
Com um número crescente de torcedores, eventos e transmissões, a NFL no Brasil parece estar apenas no começo de uma jornada promissora. O futebol americano não é mais um esporte distante, mas uma parte vibrante da cultura esportiva brasileira que promete engajar e emocionar cada vez mais pessoas.
