O Tocantins vive um momento de transição política com a ascensão do vice-governador Laurez Rocha Moreira (PSD) ao comando do Poder Executivo estadual. A medida ocorreu após o Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinar o afastamento do então governador Wanderley Barbosa (Republicanos), em decorrência de investigações sobre um suposto esquema de desvio de recursos públicos.
Afastamento do governador e a investigação
Wanderley Barbosa está sob investigação por supostas irregularidades relacionadas ao uso de recursos destinados à compra de cestas básicas durante a pandemia de Covid-19, entre 2020 e 2021. A Polícia Federal afirma ter reunido evidências que mostram que alguns envolvidos teriam se aproveitado do estado de emergência para se apropriar de parte dos fundos públicos, especialmente por meio de emendas parlamentares.
De acordo com a PF, os contratos para a aquisição de cestas básicas e frango congelado, que somam R$ 97 milhões, podem ter causado um prejuízo de R$ 73 milhões aos cofres do estado. O ministro do STJ, Mauro Campbell, que preside a investigação, ordenou que Barbosa e sua esposa, Karynne Sotero Campos, deixassem seus cargos públicos por um período mínimo de 180 dias. Eles também estão proibidos de acessar locais públicos estaduais, como o Palácio do Araguaia, sede do governo tocantinense.
Novas diretrizes sob o comando de Laurez Moreira
Assumindo interinamente o cargo, Laurez Moreira tomou a iniciativa imediata de exonerar toda a equipe do primeiro escalão do governo e substituir os dirigentes por pessoas de sua confiança. O Diário Oficial publicou 51 exonerações, abrangendo desde a Procuradoria-Geral até os comandos da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros.
Em sua primeira coletiva de imprensa, Moreira destacou que sua prioridade será restaurar a confiança da população e dos investidores, promovendo mais transparência na administração pública. “A falta de transparência abre espaço para a corrupção. O que queremos é justamente o contrário, um governo aberto, onde todos possam acompanhar cada passo da administração”, declarou o novo governador interino.
Defesa de Wanderley Barbosa
Wanderley Barbosa, afastado, defendeu-se das acusações, alegando que a compra de cestas básicas sob investigação ocorreu durante sua gestão como vice-governador, e que ele não tinha responsabilidade pelos contratos. Barbosa lembrou que os pagamentos investigados foram realizados entre 2020 e 2021, quando ele estava sob a administração do ex-governador Mauro Carlesse.
“É importante ressaltar que o pagamento das cestas básicas, objeto da investigação, ocorreu quando eu exercia o cargo de vice-governador e não era ordenador de despesas”, argumentou.
Histórico de investigações no Tocantins
O cenário de crise política não é novo para o Tocantins. Em outubro de 2021, o ex-governador Mauro Carlesse também foi afastado do cargo por decisão do STJ, devido a suspeitas de envolvimento em um esquema de propinas. Carlesse renunciou em março de 2022, e desde então, os casos de corrupção têm gerado tensões políticas e instabilidade no estado.
De acordo com o ministro Mauro Campbell, as evidências acumuladas indicam que, mesmo após a saída de Carlesse, o esquema de desvio de recursos públicos se intensificou durante a gestão de Wanderley Barbosa. “As provas mostram que o esquema de desvio de recursos foi tanto continuado quanto incrementado após a chegada de Barbosa ao poder”, afirmou.
Próximos passos
Em resposta às acusações, Barbosa afirmou que, ao assumir o governo, determinou auditorias dos contratos suspeitos, buscando a transparência e a legalidade em sua administração. Mais adiante, assegurou que tomará as medidas legais necessárias para reverter a situação e manter a estabilidade no Tocantins.
“A partir de agora, acionarei os meios jurídicos para reassumir o cargo de governador e comprovar a legalidade dos meus atos, enfrentando essa injustiça”, finalizou Barbosa.
Com a recente transição de poder e as investigações em andamento, o futuro político do Tocantins se mostra incerto, com a expectativa de mudanças significativas na gestão e na abordagem da corrupção no estado.
