Brasil, 4 de setembro de 2025
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União Brasil e Progressistas deixam governo Lula em busca de votos bolsonaristas

A saída da Federação União Brasil e Progressistas do governo Lula visa conquistar o eleitorado fiel de Jair Bolsonaro.

No cenário político brasileiro, a saída da Federação dos partidos União Brasil (UB) e Progressistas (PP) do governo Lula revela uma estratégia clara: herdar os votos fiéis do ex-presidente Jair Bolsonaro. Essa avaliação é do cientista político João Feres Júnior, que analisa as movimentações políticas em um momento crítico para as relações entre as diferentes forças do espectro político nacional.

O anúncio desse desembarque ocorreu em sintonia com o início do julgamento das tentativas de golpe de Estado ligadas a Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF). Essa situação é tensa, uma vez que há uma expectativa de condenação do ex-presidente por suas ações que ameaçaram a democracia brasileira.

A motivação por trás da saída

Feres Júnior, que é professor titular do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Iesp-Uerj), afirmou à Agência Brasil que a saída dos partidos da direita do governo reflete um receio deles em relação ao fortalecimento das oposições, particularmente entre os partidos PL e PT. “A saída deles do governo é em busca de uma revitalização por meio do voto e aí eles colam no bolsonarismo. Afinal, Bolsonaro é capaz de mobilizar uma quantidade imensa de votos e eleger desconhecidos, como fez em 2018 e 2022. Por outro lado, acho que não vai ter espaço para todo mundo nessa competição”, destacou o especialista.

Atualmente, a Federação União Brasil e Progressistas conta com 109 deputados na Câmara, configurando-se como a maior bancada. No Senado, são 14 parlamentares, divididos em seis do União Brasil e oito do Progressistas.

Repercussão no cenário eleitoral

A professora Michelle Fernandez, cientista política da Universidade de Brasília (UnB), também comentou sobre as implicações dessa saída. Segundo ela, essa movimentação está ligada aos preparativos para as eleições gerais de 2026. “Alguns partidos cobraram dos seus parlamentares que se desvinculassem do governo para que pudessem estar na composição da oposição no processo eleitoral do ano que vem,” frisou.

Ao anunciar a saída, a Federação fez questão de ressaltar que essa decisão “representa um gesto de clareza e de coerência. É isso que o povo brasileiro e os eleitores exigem de seus representantes.” As legendas exigiram a saída dos ministros que ocupam cargos no governo, como Celso Sabino (Turismo) e André Fufuca (Esporte).

Em resposta, a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffman, criticou a decisão e exortou aqueles que decidirem permanecer a se comprometerem com a administração, garantindo que trabalhem em conjunto para a aprovação das pautas do governo no Congresso Nacional.

A disputa pelo eleitorado bolsonarista

Para Feres, a saída dos partidos da base de apoio ao presidente Lula reflete também a ansiedade da direita diante do enfraquecimento de Bolsonaro, o que aumenta a competição entre os partidos por seus votos. “A direita viu Bolsonaro como sendo esse baú de votos e muita gente se beneficiou disso. Com ele saindo da cena política, provavelmente para nunca mais voltar, eu acho que a competição fica muito grande,” completou o cientista político.

Além disso, ele considera que essa disputa se relaciona diretamente ao apoio que esses partidos estão dando ao projeto de anistia para os condenados por tentativas de golpe de Estado. “É uma tentativa de reavivar o Bolsonaro porque ele organiza esse campo da direita. Se eles conseguirem a anistia do Bolsonaro, imaginam que o ex-presidente põe ordem na direita e a competição fratricida pelos votos diminui,” explicou Feres, ressaltando a incerteza do futuro político sobre o ex-presidente e seu impacto nas próximas eleições.

Michelle Fernandez, por sua vez, pontuou que a pressão do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), pela anistia a condenados é parte dessa estratégia de conquistar o eleitorado bolsonarista. “O Tarcísio ainda precisa do Bolsonaro para conseguir decolar politicamente como possível candidato nas eleições do ano que vem,” afirmou.

No entanto, Feres sublinha que Tarcísio pode não contar com a consagração da direita como um candidato unificado. “O Tarcísio não vai ser candidato de consenso, eles não vão produzir um candidato de consenso,” disse, prevendo um cenário conturbado para as futuras eleições.

Assim, a tensão política e as aspirações eleitorais começam a moldar um novo capítulo na trajetória política brasileira, com a saída da Federação União Brasil e Progressistas do governo Lula se revelando um ponto crucial para a definição dos rumos eleitorais que se avizinham.

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