Moradores do centro histórico de Lisboa alertaram ontem, no dia da tragédia que resultou na queda de um elevador, que a manutenção dos equipamentos não vinha sendo realizada adequadamente. Enquanto isso, a empresa Carris, responsável pelo transporte público na cidade, garante que todas as inspeções e manutenções estão em dia, gerando divergências em relação às causas do acidente.
Questionamentos sobre manutenção e denúncias de negligência
Moradores afirmaram à reportagem do “Página 1” que os elevadores na região, incluindo o da estação da Glória, apresentavam sinais de deterioração e falta de cuidado. O dirigente da Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (Fectrans), Manuel Leal, revelou ter feito várias denúncias sobre a falha na manutenção dos elevadores da cidade. “Os trabalhadores têm reportado há anos que a manutenção deveria voltar à responsabilidade deles, pois hoje é realizada por uma empresa contratada pela Carris”, afirmou Leal à agência de notícias Lusa.
Segundo relatos, há anos que os funcionários da própria Carris vinham alertando para problemas relacionados à alta tensão dos cabos de sustentação e às condições precárias dos equipamentos. Uma das hipóteses levantadas pela investigação é que o rompimento de um cabo teria sido a causa do acidente fatal.
Responsabilidade pela manutenção e versão oficial da Carris
A manutenção dos elevadores é de responsabilidade de uma empresa terceirizada contratada pela Carris, que, de acordo com o presidente da companhia, Pedro Bogas, realiza inspeções mensais, semanais e diárias. “O protocolo de manutenção foi rigorosamente seguido. Há 14 anos, essa manutenção é feita por uma empresa externa, que garante a segurança dos elevadores”, afirmou Bogas em entrevista. Ele também garantiu que, no fim de 2024, o equipamento passou por uma inspeção geral.
Entretanto, o jornal digital “Página 1” destacou que o contrato da Carris com a empresa de manutenção teria expirado em 31 de agosto, levantando dúvidas sobre a continuidade e o cumprimento das obrigações contratuais. Em resposta, a Carris informou que “têm sido cumpridos todos os programas de manutenção mensal, semanal e também a inspeção diária” e que abriu um inquérito para apurar as causas do acidente.
Investigações em andamento e possíveis consequências
A Polícia Judiciária está responsável por apurar as causas do rompimento do cabo, principal linha de investigação até o momento. A dúvida central permanece: houve negligência ou falha na manutenção que possa ter evitado a tragédia?
Este episódio reacende o debate sobre a segurança dos equipamentos públicos na cidade e a responsabilidade das empresas privadas por sua manutenção. A expectativa é que as autoridades esclareçam as circunstâncias do acidente e reforcem, se necessário, os protocolos de segurança das operações.
Perspectivas futuras
Até o momento, as investigações continuam, e tanto as autoridades quanto a Carris afirmam estar colaborando na apuração. Especialistas lembram da importância de inspeções constantes e da responsabilidade compartilhada entre empresas e órgãos públicos para garantir a segurança de todos.
Para mais detalhes, consulte o relatório completo disponível no Globo.