Brasil, 4 de setembro de 2025
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Tarifas de Trump ameaçam indústria de sapatos de luxo no Brasil

Designer Ruthie Davis adiou exportações para os EUA devido às altas tarifas impostas por Trump, que complicam negócios de marcas brasileiras

A designer Ruthie Davis, conhecida por seus sapatos de salto altos e design sofisticado, anunciou a suspensão temporária das exportações de suas criações para os Estados Unidos. A decisão foi motivada pelas tarifas elevadas de até 50% impostas pelo governo Trump, que tornaram a fabricação no Brasil inviável financeiramente.

Impacto das tarifas na produção de sapatos de luxo

Os modelos de Ruthie, vendidos por valores entre US$ 500 e US$ 1.000, enfrentam dificuldades para gerar lucro, devido aos altos custos de transporte, marketing e especialmente às tarifas de importação. “Para marcas pequenas como a minha, uma tarifa de 50% é impossível de absorver”, afirmou a designer em entrevista ao GLOBO.

O dilema de uma indústria que aposta no Brasil

Apesar de trabalhar com fábricas brasileiras há anos, Davis reconhece que a cadeia de fornecedores locais, incluindo produtores de couro e moldes, tornou a produção no Brasil altamente competitiva. Ela explica que, devido à rede de fornecedores altamente especializada, transferir toda a produção para os EUA é inviável no momento. “Não há flexibilidade nem orçamento para essa mudança”, disse.

Contexto internacional e tarifas elevadas

As tarifas de Trump, que chegaram a 50%, atingem uma variedade de produtos brasileiros, incluindo sorvetes do Pará e sucos de acerola do Ceará, tornando as exportações mais vulneráveis. Segundo especialistas, a política tarifária dos EUA visa incentivar empresas a transferir suas cadeias de suprimentos para países aliados, como Índia e Brasil, mas tem gerado forte resistência.

Autoridades brasileiras e internacionais, incluindo líderes do BRICS, discutem o fortalecimento do comércio dentro do bloco como forma de contornar o impacto dessas tarifas. Ainda não há previsão de redução das tarifas de Trump, mas negociações podem ocorrer durante a Assembleia Geral da ONU, em Nova York, prevista para setembro.

Consequências para fabricantes e varejistas

Empresários do setor de calçados e vestuário enfrentam incertezas quanto ao futuro de suas operações. Stephen Lamar, presidente da Associação Americana de Vestuário e Calçados, destacou que muitas marcas recebem alertas conflitantes sobre possíveis destinos para transferir sua produção. “É como esperar um destino incerto”, afirmou.

Como consequência, marcas que antes viam países como Índia e Brasil como alternativas seguras reconsideram suas estratégias, especialmente após o fim de incentivos antigos para produção em países africanos e no Haiti, programas que também estão expirando.

Perspectivas futuras e desafios

Especialistas alertam que a escalada de retaliações e a imprevisibilidade das tarifas dificultam o planejamento de empresários e podem enxergar um cenário de conflito contínuo. Ruthie Davis, por sua vez, admite que sua aposta na produção brasileira, que começou há uma década, pode estar chegando ao fim, caso as tarifas permaneçam nesses níveis.

“Se as tarifas continuarem assim, não sei por quanto tempo conseguirei manter o negócio funcionando”, declarou. Ela lamenta que as medidas de Trump estejam destruindo uma indústria que, apesar das dificuldades, vem se consolidando no Brasil.

Para ela, a resistência das políticas tarifárias revela uma guerra comercial que apenas prejudica uma cadeia produtiva já forte no país, marcada por uma rede de fornecedores especializados em calçados de alta qualidade. “Não acredito que vamos fabricar sapatos na América tão cedo”, concluiu.

Fonte: https://oglobo.globo.com/economia/negocios/noticia/2025/09/04/nada-poderia-derrubar-a-rainha-dos-saltos-ate-que-trump-apareceu-e-o-brasil-esta-no-meio-disso.ghtml

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