jos da Guarda
Atualmente, o grupo Anjos da Guarda tem atuado em Rio de Janeiro abordando indivíduos que suspeitam estar cometendo crimes, como roubos e furtos. Frequentemente, as ações do grupo resultam em confrontos avessos, com alguns suspeitos sendo agredidos antes da chegada da polícia. Essa abordagem gera debate sobre os limites e os efeitos da vigilância comunitária, levando à prisão de seus integrantes e à discussão sobre a eficácia de tais métodos em um ambiente de insegurança.
O lutador e ativista William Correia, morador de Copacabana, tem sido uma figura central nessa discussão. Em dezembro de 2023, ele foi intimado pela Polícia em uma investigação que apurava a atuação de grupos de “justiceiros” na comunidade — termo que gera controvérsia e preocupação com a legalidade das ações desses grupos. Em seu depoimento, Correia negou envolvimento com atividades ilícitas, mas sua retórica de “mobilizar a população” para prevenir a violência foi exposta por meio de vídeos que ele circulava nas redes sociais.
Apoio e críticas ao projeto
Doutor Luizinho, ao receber William Correia em seu gabinete, destacou a importância das iniciativas comunitárias para enfrentar o problema da segurança pública, que ele considera como um dos mais graves do Rio e do Brasil. O deputado se referiu a Correia como um “mito da segurança comunitária”, incentivando a ampliação do projeto. Esse apoio implica uma validação de práticas que podem, no entanto, cruzar limites perigosos em termos de vigilância e segurança.
Embora muitos apoiem a ideia de regulamentar a vigilância comunitária, trazendo segurança às comunidades, críticos alertam sobre o risco de legitimar ações que poderiam levar a linchamentos e vigilância excessiva, repercutindo na vulnerabilidade das minorias e na possibilidade de abusos semelhantes aos que ocorrem frequentemente nas polícias. O projeto ainda pretende incluir experiências de vigilância comunitária que foram bem-sucedidas em outros países, mostrando uma tentativa de basear a proposta em modelos que funcionaram em contextos diferentes.
Um novo paradigma de segurança pública?
A realidade das comunidades cariocas, com suas nuances e desafios, traz à tona a necessidade de um diálogo mais profundo sobre segurança e prevenção da violência. O papel das comunidades na proteção de seus cidadãos é inegável, mas resta saber qual será o limite dessa atuação e como as autoridades poderão, de fato, cooperar sem comprometer os direitos humanos e as garantias constitucionais.
Enquanto isso, o Anjos da Guarda continua a atuar sob um manto de proteção e aceitação de muitos cidadãos que se sentem frustrados com a ineficiência das forças de segurança tradicionais. Será um novo capítulo no relacionamento entre a população e as instituições públicas de segurança? Somente o tempo dirá se esta proposta se tornará um modelo positivo ou se abrirá portas para problemas ainda maiores.
Em busca de informações adicionais, o GLOBO-Zona Sul entrou em contato com o gabinete do deputado Doutor Luizinho e com William Correia, mas ainda aguarda retorno.
Na última quarta-feira (3), o deputado federal Doutor Luizinho (PP) apresentou o projeto de lei 4402/2025 na Câmara dos Deputados, que visa regulamentar a atuação de grupos de vigilância comunitária desarmada e colaborativa, como o Anjos da Guarda, já ativo em áreas como Copacabana. A proposta surge em meio a uma crescente preocupação com a segurança pública no Rio de Janeiro, onde a população busca maneiras de se proteger contra a criminalidade em seus bairros.
A proposta e suas implicações
O projeto assegura uma base legal para iniciativas como o Programa Anjos da Guarda de Vigilância Comunitária (AGVC) em nível nacional. O programa tem como objetivo promover a participação da comunidade na criação de um ambiente seguro, enfatizando ações preventivas que não envolvam atividades policiais e que respeitem as legislações em vigor. Os membros devem ser identificados de forma clara e atuar sempre em grupo, sem armas e sem remuneração.
Conforme o texto da proposta, os voluntários não poderão exercer funções típicas das forças policiais, mas poderão colaborar em situações de emergência, um assunto muito debatido em comunidades que se sentem desprotegidas. Eles teriam a possibilidade de intervir em casos de flagrante delito, respaldados pelo artigo 301 do Código Penal, que permite a qualquer cidadão prender alguém em flagrante delito, desde que avise imediatamente as autoridades.