O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), fez duras críticas às penas impostas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro. Durante uma entrevista a jornalistas nesta quinta-feira (4), o mandatário expressou sua preocupação com as consequências dessas condenações enquanto participava da entrega de um centro de educação infantil na Zona Sul da capital paulista.
A anistia em discussão
Nunes foi questionado sobre como o MDB deve se posicionar a respeito de um projeto que tramita na Câmara dos Deputados visando a anistia dos envolvidos nos atos de dezembro. O prefeito enfatizou que seu foco é a pacificação do país, e que, por vezes, medidas como a anistia podem ser necessárias para alcançar esse objetivo, criticando o que ele considera exageros nas punições do STF.
“Nossa questão primordial é pacificar o país. Se a pacificação requer atuações para que volte a anistia, para que a gente compreenda alguns exageros que o STF tem cometido inegavelmente […] O vandalismo tem que ser punido de forma rigorosa. Agora, é óbvio que alguém que pegou um batom e fez uma pichação em uma estátua não é compatível com 14 anos de prisão”, declarou Nunes, ressaltando que “todo remédio na dose exagerada vira um veneno” e que a justiça deve ser proporcional.
Críticas às penas e contexto social
O prefeito também expressou descontentamento com as penas atribuídas a pessoas que, segundo ele, não representam grandes ameaças à sociedade. “Não vejo com bons olhos penas altíssimas de pessoas que eram rezadores de terço, pessoas que eram vendedoras de cachorro-quente”, comentou Nunes, ao explicar que a profundidade das punições deve levar em conta o contexto e a natureza das ações dos réus.
Além de abordar seu posicionamento sobre a anistia, Nunes reconheceu o papel do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) neste debate. “O Tarcísio está fazendo um papel importante, que é buscar a pacificação. A gente não pode estar vivendo o tempo inteiro nesse nível de conflito”, afirmou.
Bolsonaro e o julgamento do STF
Em outro ponto da entrevista, o prefeito foi questionado sobre o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e enfatizou sua preocupação com a imparcialidade do processo. “Se você tem um julgamento imparcial, como é que você tem cinco ministros do STF, que formam a Primeira Turma, que está julgando Bolsonaro e aliados na trama golpista? Por que não deixar julgar com os onze ministros?” questionou, expressando ceticismo em relação ao processo judicial e à formação dos tribunais.
O movimento pela pacificação
A fala de Nunes reflete uma crescente divisão na sociedade brasileira sobre a questão das responsabilizações dos envolvidos nos eventos de 2023, um tema que continua a polarizar o debate público. Muitos apoiadores do governo defendem que é necessário rigor nas punições para restaurar a ordem, enquanto outros argumentam que deve-se buscar um caminho de diálogo e reconciliação, assim como sugere o prefeito.
À medida que as discussões sobre a anistia e as penas impostas avanças, é evidente que líderes políticos, como Nunes, desempenham um papel crucial na mediação dos conflitos e na busca por soluções que favoreçam a unidade e a paz no país. Contudo, a formas como essas questões serão resolvidas ainda estão longe de um consenso, refletindo as complexidades do atual panorama político brasileiro.