As cotações das carnes de porco e bovina permaneceram firmes ou aumentaram em agosto de 2025, contrariando o padrão de retração nessa época do ano. A análise do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Universidade de São Paulo, em Piracicaba, aponta que a demanda aquecida e fatores estruturais sustentam esses preços.
Mercado suínico mantém alta frente à carne de frango
Os preços do suíno vivo e da carne de porco continuaram em alta desde o fim do primeiro semestre, mesmo com a sazonalidade que costuma pressionar o setor. Em junho, o preço da carcaça suína subiu 10,8% em relação a janeiro, atingindo R$ 13,20 o quilo, impulsionado pela forte demanda e por um mercado de exportação em ritmo intenso.
Durante agosto, a procura por carne suína se manteve elevada, ajudando a sustentar as cotações. Segundo o boletim do Cepea, os valores médios de comercialização não recuaram como é habitual nessa época e destacaram-se pelos aumentos na maioria das praças acompanhadas.
Estiagem e exportações sustentam preços da carne bovina
As cotações do boi gordo e da carne permaneceram estáveis, com preços firmes para o boi, vaca, novilha e carne de reposição. O quadro é explicado pela estiagem que limita a oferta de animais a pasto, levando a uma concentração nas vendas de lotes confinados, muitas vezes negociados por contrato.
Além disso, as exportações em ritmo intenso contribuem para a manutenção dos preços no atacado, mesmo diante de uma demanda doméstica moderada. Esses fatores juntos ajudam a sustentar os preços na porteira, segundo o estudo do Cepea.
Frango apresenta queda na última quinzena de agosto
Em contraste, as cotações do frango tiveram queda no final de agosto, refletindo o tradicional enfraquecimento da demanda na segunda metade do mês. A média mensal do produto ficou abaixo da de julho, impactada pelo aumento nos preços dos insumos, como milho e farelo de soja, o que reduziu o poder de compra dos avicultores paulistas.
Em fevereiro, o frango era negociado por R$ 5,37 o quilo, uma redução de 2,4% em relação a janeiro, de acordo com o boletim do Cepea.
Competitividade da carne de porco sofre impacto pela gripe aviária
Os preços da carne suína se mantiveram firmes em julho de 2025 e perderam competitividade frente à carne bovina e de frango, principais substitutos no mercado doméstico. A alta nas cotações em junho reduziu a competitividade da carne de porco, especialmente após o recuo nas cotações do frango registrado em maio.
As restrições às exportações impostas por parceiros comerciais devido à gripe aviária colaboraram para o fortalecimento dos preços da carne de porco, embora as quedas verificadas na segunda quinzena de maio e início de junho tenham limitado a média mensal do setor, destacam os pesquisadores do Cepea.
Em junho, o preço do suíno vivo chegou a R$ 8,73 o quilo, com alta de 3,93% na comparação com maio. A cotação da carne de porco especial também apresentou aumento, chegando a cerca de R$ 12,70 o quilo em São Paulo entre os dias 18 e 26 daquele mês.
Perspectivas para o mercado de carnes em 2025
Apesar das oscilações, o mercado de carnes continua atento aos fatores de oferta, demanda e restrições sanitárias, que influenciam diretamente nas cotações. A demanda aquecida pela carne suína deve permanecer em alta, impulsionada por fatores de preços e possibilidades de exportação, enquanto o setor de frango precisa recuperar o fôlego frente à alta dos insumos.
Para acompanhar a evolução do mercado, os produtores e consumidores continuam atentos às condições climáticas e políticas sanitárias que podem impactar o cenário de preços nos próximos meses.
Fonte: g1 Piracicaba