Na manhã desta quinta-feira (4), a Polícia Civil do Distrito Federal desarticulou um grande esquema de produção e venda de “cogumelos mágicos”, resultando na prisão de nove suspeitos em uma operação que se estendeu por oito estados brasileiros. Entre os detidos, destacam-se dois estudantes da Universidade de Brasília (UnB), que comercializavam os produtos na própria instituição.
Operação e prisões
A operação contou com a participação da polícia em estados como Paraná, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Pará, Santa Catarina, Espírito Santo e São Paulo. No Distrito Federal, os suspeitos foram capturados em localidades como Águas Claras e Taguatinga. O delegado Waldek Fachinelli informou que o grupo era composto, em sua maioria, por jovens de classe média e alto nível educacional. Um dos detidos, segundo informações, provém de uma família rica com várias empresas de grande porte.
Além das prisões, mais de 3 mil pacotes de cogumelos alucinógenos foram apreendidos. A venda das substâncias se dava principalmente através das redes sociais e com entregas via Correios, utilizando o modelo de dropshipping, que permite a comercialização sem que o vendedor mantenha estoque físico dos produtos.
O que são os cogumelos mágicos?
Os “cogumelos mágicos” são conhecidos por conter uma substância chamada psilocibina, um poderoso alucinógeno que pode causar alterações na percepção sensorial, como distorções na noção de tempo e espaço. Embora exista um crescente interesse em seus efeitos terapêuticos, como tratamento para depressão e ansiedade, a substância é ilegal no Brasil, de acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Os riscos associados aos cogumelos alucinógenos
O delegado Fachinelli alertou que os efeitos dos cogumelos incluem riscos graves, como psicose, transtornos mentais, desconexão da realidade e paranoia. Há também a possibilidade de reações que podem ocorrer anos após o uso da substância, levando a consequências imprevisíveis para a saúde mental dos usuários. O grupo foi acusado de comercializar os cogumelos de forma irresponsável, promovendo-os como soluções para o bem-estar emocional.
Como o esquema funcionava
A investigação revelou que o grupo utilizava táticas modernas de marketing, incluindo a associação com influenciadores digitais e DJs, para atrair jovens, especialmente aqueles frequentadores de festas de música eletrônica. A estratégia incluiu patrocínio a eventos e a utilização de plataformas de redes sociais para promover a venda. No período de 2024 a 2025, foram identificadas cerca de 3.718 encomendas enviadas apenas para o Distrito Federal, totalizando mais de 1,3 tonelada de cogumelos.
Com a operação, a polícia espera desmantelar não apenas a distribuição desses produtos ilegais, mas também conscientizar a população sobre os riscos associados ao seu consumo. Os envolvidos nas atividades ilícitas enfrentarão várias acusações, incluindo tráfico de drogas qualificado, lavagem de dinheiro e integração em organização criminosa, além de outras infrações relacionadas.
Próximos passos e impacto da operação
Com a prisão dos principais suspeitos e a apreensão de uma quantidade significativa de cogumelos, a Polícia Civil do DF se prepara para aprofundar as investigações. O foco será a identificação de outros envolvidos que possam estar associados à rede de distribuição. Além disso, a ação busca um impacto a longo prazo em estratégias de prevenção e educação acerca dos efeitos nocivos das drogas alucinógenas.
A desarticulação dessa rede é um passo importante para o fortalecimento da segurança pública e a preocupação com a saúde mental da população, que vem enfrentando um aumento no uso de substâncias psicoativas entre jovens. A conscientização e a educação são fundamentais para combater o avanço de práticas ilegais que prometem soluções rápidas e, frequentemente, prejudiciais.
