A Polícia Civil do Distrito Federal (DF) prendeu, na manhã desta quinta-feira (4), uma organização criminosa responsável pela venda de cogumelos alucinógenos, conhecidos como “cogumelos mágicos”, para todo o Brasil. A ação resultou na prisão de nove pessoas e na apreensão de mais de 3 mil pacotes da substância, que eram comercializados principalmente por meio das redes sociais e enviados via Correios.
Operação em várias regiões do país
A operação contou com a colaboração de polícias de diversos estados, incluindo Paraná, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Pará, Santa Catarina, Espírito Santo e São Paulo. Segundo informações dos investigadores, essa é considerada a maior rede de produção e distribuição de cogumelos alucinógenos já identificada no Brasil.
O que são cogumelos alucinógenos?
Os cogumelos alucinógenos contêm psilocibina, uma substância psicodélica que pode alterar a percepção sensorial, a noção de tempo e espaço, além de provocar experiências emocionais e visuais intensas. O delegado Waldek Fachinelli, responsável pela investigação, alerta que os efeitos da psilocibina são semelhantes aos de drogas sintéticas e que seu uso pode ser fatal. “Entre os efeitos, estão a psicose, transtornos mentais e uma desconexão da realidade, com a possibilidade de que pessoas apresentem reações anos depois do uso”, afirmou o delegado.
Como funcionava o esquema criminoso
A rede criminosa utilizava as redes sociais e influenciadores digitais para atrair um público jovem, principalmente frequentadores de festas de música eletrônica. Os produtos eram vendidos de três maneiras: desidratados, misturados ao mel e encapsulados, e enviados para clientes em todo o país, através de um modelo de dropshipping, onde o vendedor não possui um estoque físico dos produtos.
Centro de operações em Curitiba
A investigação revelou que, embora o grupo tivesse um cultivo próprio de cogumelos no Distrito Federal, a capacidade de produção era insuficiente para atender à alta demanda. O centro da operação foi identificado em Curitiba (PR), onde galpões funcionavam como laboratórios e salas de cultivo, permitindo a produção de até 200 quilos de cogumelos alucinógenos por mês. Nos últimos dois anos, foram registradas 3.718 encomendas enviadas para o Distrito Federal, totalizando mais de 1,3 tonelada da substância.
Impacto financeiro e divulgadores
O grupo criminoso, segundo as investigações, investia em patrocínios de eventos e festivais de música eletrônica, que facilitavam o contato direto com consumidores potenciais e promoviam associações à marca em experiências de lazer. Influenciadores digitais e DJs eram recrutados para atuar como promotores, ajudando na divulgação dos produtos ilícitos em redes sociais e eventos. A estimativa é de que a organização tenha movimentado R$ 26 milhões em apenas um ano.
Consequências para os envolvidos
Os investigados enfrentarão diversas acusações, incluindo tráfico de drogas qualificado, lavagem de dinheiro, organização criminosa, e promoção de publicidade abusiva. Além disso, a prática de curandeirismo, que envolve a promoção de curas por meio de substâncias psicoativas, também será investigada.”
A ação da Polícia Civil do DF retrata a crescente preocupação com a circulação de substâncias ilícitas e o impacto que elas podem ter na saúde pública, especialmente entre jovens e frequentadores de festas. O desmantelamento dessa rede criminosa é um passo importante para a prevenção de novos casos e para a conscientização sobre os riscos associados ao uso de drogas.
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