A Polícia Federal (PF) deflagrou, na última terça-feira, a segunda fase da Operação Fames-19, que investiga um suposto esquema de desvio de dinheiro público destinado à compra de cestas básicas durante a pandemia de Covid-19. O governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa (Republicanos), é um dos principais alvos da operação e, por determinação do Superior Tribunal de Justiça (STJ), foi afastado do cargo por 180 dias. O vice-governador Laurez Moreira (PSD) assume interinamente a gestão. O rombo aos cofres públicos é estimado em R$ 73 milhões.
Detenção e busca de provas
Mais de 200 agentes da PF cumpriram 51 mandados de busca e apreensão no Palácio Araguaia, sede do governo, e na Assembleia Legislativa. O objetivo é reunir novos elementos que esclareçam o uso de emendas parlamentares e o suposto recebimento de vantagens indevidas por agentes públicos. Em nota, Barbosa alegou que a decisão de afastamento é precipitada e que irá recorrer. O governador se declarou inocente.
As provas já levantadas pela Polícia Federal
- Ocultação de verba desviado: As investigações apontam que o prejuízo chega a R$ 73 milhões. Parte do valor teria sido ocultada através da construção de empreendimentos de luxo, compra de gado e pagamento de despesas pessoais. Um exemplo mencionado é o investimento de R$ 2,4 milhões na construção de uma pousada para o filho do governador.
- Cestas somente em fotos: Conversas entre os investigados mostram que cestas básicas foram forjadas para parecer que estavam sendo entregues a beneficiários, como relatado em uma troca de mensagens onde um acusado afirma estar “doido pra colocar essas cestas lá”.
- Mensagens e ‘bênção’: O pagamento de propina foi identificado em mensagens entre os envolvidos. A PF encontrou referências a pagamentos chamados de “bênção”, onde aportes financeiros eram combinados entre os acusados.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2025/V/6/SCApBsRtGgBoYBWRbiWQ/cestas.jpg)
Investigação sob sigilo
As investigações estão sob sigilo no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Segundo a PF, há “fortes indícios” de um sistema de desvio de recursos públicos entre 2020 e 2021, onde os indivíduos se aproveitaram do estado de emergência em saúde pública para fraudar contratos de fornecimento. Foram pagos mais de R$ 97 milhões em contratos para a compra de cestas básicas e outros alimentos. Parte do dinheiro desviado foi utilizado para o lucro pessoal dos envolvidos e construção de bens de luxo.
Além de Barbosa, a primeira-dama Karynne Sotero Campos é mencionada como uma figura central no esquema. A PF alegou que ela teve um papel proeminente e que seu ex-marido, Paulo César Lustosa, atuava como operador do sistema. Mensagens obtidas pela PF indicam que Karynne estava ativamente envolvida na administração dos desvio de verbas para a compra de cestas básicas, que chegaram a ser recebidas por instituições fraudulentas.
Este esquema escandaloso revela não apenas a exploração da vulnerabilidade da população durante a pandemia, mas também como figuras públicas utilizaram suas posições para enriquecimento ilícito e abuso de poder, o que causa indignação entre os cidadãos e levanta debates sobre a necessidade de cumprimento rigoroso de legislações e transparência na gestão pública.
Conclusão: O futuro da investigação
As investigações da PF continuam e envolvem diversos deputados estaduais que também estariam implicados no esquema de corrupção. A Polícia Federal solicitou o afastamento de vários deles, embora o STJ tenha negado esta solicitação. O caso deve evoluir nas próximas semanas, e muitos esperam um desfecho que traga justiça para os cofres públicos e os cidadãos que confiaram nas autoridades em um momento crítico de necessidade.
*Informações obtidas foram financiadas pela reportagem detalhada da operação e reportagens relacionadas.