Na manhã desta quinta-feira, o atacante Bruno Henrique, do Flamengo, está sendo julgado na sede do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva), localizada no centro do Rio de Janeiro. O jogador é acusado de ter forçado um cartão amarelo para beneficiar apostadores durante uma partida contra o Santos, realizada no Estádio Mané Garrincha, pelo Campeonato Brasileiro, em 2023. A sessão é conduzida por videoconferência, e Bruno fez um pronunciamento afirmando sua inocência em relação às acusações.
Defesa e alegações de Bruno Henrique
Durante seu discurso, Bruno Henrique se manifestou com confiança: “Gostaria de reafirmar minha inocência, dizer que confio na Justiça Desportiva, jamais cometi as infrações de que sou acusado. Faço questão de mostrar respeito e minha total confiança nesse tribunal. Que tudo transcorra de forma leve e justa”. Com essas palavras, o atleta expressou a esperança de que o julgamento siga um curso correto e imparcial.
O julgamento começou por volta das 10h e não envolve apenas Bruno, mas também outros quatro atletas amadores. Entre eles, Wander Nunes Pinto Junior, irmão de Bruno, além de Claudinei Vitor Mosquete Bassan, Andryl Sales Nascimento dos Reis e Douglas Ribeiro Pina Barcelos, todos este último do círculo de amizade de Wander.
Processo penal e a investigação
Embora Bruno e seu irmão enfrentem um processo criminal que será julgado pela 7ª Vara Criminal de Brasília, a investigação ainda está em andamento. Eles são acusados de fraude em evento esportivo, e o tribunal avaliará se existem provas suficientes para uma condenação. No entanto, o STJD já manifestou que Ludymilla Araújo Lima, esposa de Wander, e Poliana Ester Nunes Cardoso, prima de Bruno Henrique, não estão no escopo das acusações.
Um ponto focal na audiência foi a discussão entre Procuradoria e defesa sobre a validade das evidências apresentadas e a prescrição do caso. A Procuradoria alegou que as provas da Polícia Federal apareceram apenas em junho, enquanto o inquérito foi aberto em maio. O Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD) menciona interrupção do prazo, um argumento que a defesa usou para reivindicar que a prescrição já teria ocorrido, já que o prazo teria superado os 60 dias, alcançando mais de 80 dias.
Análise das evidências
A audiência se intensificou com a apresentação de um vídeo em que Douglas Barcelos admite estar ciente do cartão que Bruno Henrique tomaria, reforçando a acusação de manipulação. Além disso, foram ouvidas duas testemunhas, Daniel Cola, delegado da Polícia Federal responsável pela investigação, e Pedro Lacaz, representante da casa de apostas KTO, que poderiam trazer mais clareza aos fatos.
No entanto, a defesa de Bruno Henrique, representada pelo advogado Michel Assef Filho, contestou as acusações, defendendo que a prática de forçar cartões amarelos é uma estratégia comum entre jogadores e clubes no futebol brasileiro, não configurando uma tentativa direta de beneficiar apostadores.
Controvérsias e impedimentos no processo
Outro ponto controverso foi a solicitação do Flamengo para que o árbitro Rodrigo Rafael Klein, que conduziu a partida em questão, fosse chamado para depor. O pedido foi negado pela Procuradoria, o que gerou protestos por parte da defesa, que considera essa presença crucial para o esclarecimento dos fatos.
Enquanto o julgamento prossegue, a expectativa é que uma decisão seja tomada em breve, definindo não só o futuro profissional de Bruno Henrique, mas também as implicações para o Flamengo e o cenário esportivo brasileiro. O caso levanta questões sérias sobre a integridade do futebol e a pressão exercida pela cultura de apostas, tornando-se um tema relevante para a discussão sobre a ética no esporte.
Com as declarações e a forte defesa de Bruno, resta saber como o STJD avaliará as evidências e quais serão as próximas etapas deste caso que já gera polêmica. As vistas estão voltadas para a decisão que pode impactar a carreira do jogador e a imagem do clube carioca.