A embaixadora da União Europeia (UE) no Brasil, Marian Schuegraf, afirmou nesta quinta-feira que há otimismo em relação à aprovação do acordo de livre comércio entre o bloco europeu e o Mercosul, depois de 26 anos de negociações. Ela considera a expectativa de assinatura até o fim deste ano ambiciosa, mas possível, dependendo da vontade política dos envolvidos.
Avanços e desafios rumo ao acordo de livre comércio
Schuegraf destacou que a ratificação na cúpula do Mercosul é uma etapa ambiciosa, porém viável. Segundo ela, o sucesso do projeto depende de vontade política e de um esforço conjunto. “Tudo o que é importante, geralmente, enfrenta obstáculos, mas acredito que conseguiremos avançar”, declarou à reportagem do GLOBO.
Na última quarta-feira, a Comissão Europeia validou a versão final do tratado e garantiu salvaguardas ao setor agrícola, tentando diminuir a resistência de países como a França. A próxima fase envolve os Estados-membros do bloco dando sinal verde, com o texto sendo encaminhado para votação no Parlamento Europeu.
Impacto e perspectivas do acordo de livre comércio
De acordo com fontes do governo brasileiro, há uma maioria já consolidada no Conselho Europeu a favor do tratado. Promessas de proteções específicas para os agricultores europeus também devem facilitar a aprovação final no Parlamento da UE. A previsão é de que o documento seja assinado em Brasília, no próximo mês de dezembro, durante uma reunião dos presidentes do Mercosul.
Schuegraf ressaltou que o início da vigência do acordo dependerá de diferentes etapas. Para a parte comercial, a validade depende da aprovação do Parlamento Europeu por maioria simples. No Mercosul, o tratado entrará em vigor após a ratificação dos países membros. Além disso, a parte política, envolvendo temas como democracia e multilateralismo, precisa ser aprovada pelos legislativos dos 27 países da UE.
Benefícios econômicos e comerciais previstos
O acordo promete reduzir tarifas e ampliar oportunidades de exportação. Exportadores de automóveis europeus terão tarifas de 35% eliminadas gradualmente. Produtos do Mercosul, como autopeças, máquinas, produtos químicos, vestuário e têxteis, terão tarifas revistas com prazos diferenciados, beneficiando diferentes setores.
Por outro lado, a UE concederá acesso limitado a produtos agrícolas brasileiros, incluindo carnes bovinas e de aves, além de açúcar, como contrapartida às vantagens comerciais.
Próximos passos e desafios finais
Apesar do otimismo, a embaixadora reconhece que a votação no Parlamento Europeu será um ponto crítico. Ainda assim, ela acredita que o acordo sairá do papel, fortalecendo as relações econômicas e políticas entre os blocos.
Para analisar o cenário completo, acesse a reportagem no O Globo.