O Departamento de Justiça dos Estados Unidos anunciou neste mês a abertura de uma investigação criminal contra Lisa Cook, representante do Federal Reserve (Fed), o banco central americano, relacionada a alegações de fraude hipotecária. A ação foi divulgada pelo jornal Wall Street Journal e ocorre num contexto de crescente intervenção política no órgão monetário.
Acusações e motivações por trás da investigação
A investigação foi desencadeada após dois pedidos de Bill Pulte, dirigente da Agência Federal de Financiamento da Habitação, nomeado por Donald Trump. Pulte alega que Cook teria declarado dois imóveis como residência principal para obter condições de financiamento mais vantajosas — uma prática comum, mas que, segundo ele, configura fraude. Leia mais no Globo.
Porém, Pulte não apresentou evidências concretas para embasar sua denúncia. A acusação foi utilizada por Donald Trump na tentativa de demitir Cook, que contestou judicialmente a decisão do presidente. Segundo a legislação americana, o presidente só pode remover membros do Fed por “justa causa”, garantindo autonomia ao banco.
Repercussões políticas e internas no Federal Reserve
Desde que assumiu a presidência do Fed, Jerome Powell tem sido alvo de críticas de Trump, que recentemente passou a centrar suas críticas na diretora Lisa Cook. Caso Trump consiga demitir Cook, a composição da diretoria do banco central passaria a refletir maior influência do governo republicano, dificultando futuras ações independentes do órgão.
Implicações para a autonomia do Fed
Especialistas avaliam que a tentativa de interferência representa uma escalada nas disputas políticas envolvendo o Fed, órgão que tradicionalmente mantém autonomia para definir a política monetária. A nomeação de diretores alinhados ao governo pode comprometer sua independência e impacto na estabilidade econômica.
O papel de Ed Martin e o histórico de investigações
A condução da investigação ficará a cargo de Ed Martin, nomeado pela procuradora-geral Pam Bondi, uma aliada de Trump. Martin foi procurador interino em Washington, mas deixou o cargo após a falta de apoio dos republicanos devido ao seu histórico de apoio a réus em casos relacionados à invasão ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021.
O episódio amplia o escândalo envolvendo Trump e o judiciário, já marcado por investigações sobre fraudes e ações contra adversários políticos. Entre eles, estão a procuradora-geral de Nova York, Letitia James, e o senador democrata Adam Schiff, ambos críticos ao governo.
Implicações para o cenário político e econômico
O caso reacende debates sobre a influência do Executivo na política monetária e o nível de autonomia do Federal Reserve. Analistas alertam que tentativas de interferência podem gerar instabilidades financeiras e prejudicar a credibilidade das instituições.
Acompanhemos as próximas atualizações sobre o desfecho desta investigação e suas repercussões no cenário político e econômico dos Estados Unidos.