O Brasil registrou, em agosto, o oitavo mês consecutivo de déficit na balança comercial com os Estados Unidos, com um saldo negativo de US$ 1,23 bilhão. A deterioração ocorre diante de uma queda de US$ 600 milhões nas exportações brasileiras e de um aumento de 4,6% nas importações americanas, equivalente a US$ 200 milhões, em relação ao mesmo período do ano passado.
Exportações brasileiras sob pressão, apesar de crescimento setorial em agosto
Apesar do déficit, o valor das exportações brasileiras cresceu 3,9% em agosto, impulsionado principalmente pelos setores de agropecuária e indústria extrativa, que tiveram altas de 8,3% e 11,3%, respectivamente. Segundo os dados da balança comercial, o crescimento ocorreu enquanto as vendas para os EUA diminuíram.
As exportações para China, Argentina e México tiveram alta expressiva, de 31%, 40,37% e 43,82%, respectivamente, o que contribuiu para o desempenho positivo do mês. Aumento das vendas para China (31%), Argentina (40,37%) e México (43,82%) foi destacado como fator de destaque na alta das exportações brasileiras em agosto.
Impacto das tarifas americanas e balanço de comércio brasileiro
O mês marcou o primeiro impacto do tarifamento adicional imposto pelo presidente Donald Trump aos produtos brasileiros. Uma tarifa de 40% passou a ser aplicada, somando-se aos 10% já existentes, elevando o montante para 50%. Cerca de 35,9% das exportações brasileiras para os EUA, ou seja, US$ 14,5 bilhões em 2024, foram afetadas por essa medida, que inclui mais de 700 produtos na lista de exceções. Entre os principais itens de exportação que ficaram de fora estão café, cacau, carne bovina, frutas, têxteis, calçados e móveis.
Por outro lado, a balança comercial brasileira fechou agosto com um superávit de US$ 6,13 bilhões, resultado de exportações de US$ 29,86 bilhões e importações de US$ 23,73 bilhões. O crescimento de 35,8% em relação ao mesmo mês do ano passado reforça a resiliência do comércio brasileiro frente aos desafios recentes.
Perspectivas e próximos passos
Apesar do cenário adverso nas transações com os EUA, a expansão das exportações para outros mercados mostra a diversificação das relações comerciais do Brasil. Ainda assim, o impacto das tarifas americanas e o déficit acumulado reforçam a necessidade de estratégias de equilíbrio na relação comercial bilateral e de busca por novos parceiros.