Nesta quarta-feira, o Banco Central vetou a compra do Banco Master pelo BRB, banco estatal do Distrito Federal. Ainda sem justificativas oficiais detalhadas, especialistas apontam que a decisão busca evitar o salvamento de bancos alavancados e o envolvimento de uma empresa pública na operação.
Razões do veto e estratégias do Master
O Banco Master tinha uma estratégia agressiva de crescimento, baseada na oferta de CDBs com rendimentos de até 140% do CDI, bem acima da média de bancos de pequeno porte (entre 110% e 120%). O BRB, após o veto, poderá reavaliar sua proposta, mas as negociações deverão ser retomadas do zero.
Capacidade financeira do BRB
Ricardo Rocha, professor do Insper, alerta que uma das razões para a negativa foi a insuficiência de capital do BRB para assumir o total de ativos e passivos do Master. Uma alternativa seria uma venda compartilhada, envolvendo também o Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que poderia contribuir na operação.
O papel do Fundo Garantidor de Crédito
O FGC é uma associação privada que protege patrimônio de investidores em crise ou liquidação bancária, garantindo até R$ 250 mil por investidor, por CPF ou CNPJ. Segundo especialistas, uma situação semelhante ao caso do BTG e do Panamericano, que usaram recursos do fundo para aquisições, pode ser analisada nesta operação.
Repercussões e riscos sistêmicos
Ricardo Hammoud, economista da FGV, avalia que a compra pelo BRB não traria valor ao banco, servindo mais como uma tentativa de salvar o Master. Para ele, uma aquisição feita por um banco privado seria a solução mais adequada, pagando pelos riscos assumidos pelo banco alavancado.
Apesar do tamanho do problema, Hammoud acredita que não há risco imediato ao sistema financeiro, desde que outras empresas possam comprar o banco. Segundo ele, o risco maior ocorreria se o Master quebrasse, pois a liquidação usaria cerca de 40% do fundo garantidor, colocando em risco toda o sistema financeiro.
Futuro da crise e possíveis caminhos
O especialista reforça que não há motivo para intervenção imediata, pois o Banco Central não indicou aumento na fiscalização, mas sim uma avaliação de soluções para instituições com altos passivos e spreads atrativos. O banco informou que os ativos a serem adquiridos pelo BRB somam R$ 24 bilhões, enquanto R$ 51,2 bilhões de ativos e passivos considerados de risco foram excluídos da operação.
Ele acrescenta que o BC deve construir novas soluções para o pagamento dessas dívidas e que novas estratégias para os passivos estão sendo pensadas, inclusive com eventual aumento do limite do Fundo de Garantia de Variações (FGV). O prazo para uma decisão rápida é fundamental, para evitar que o banco seja liquidado e prejudique os depositantes, evitando questionamentos futuros sobre a estabilidade do sistema financeiro.
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