As vagas de emprego nos Estados Unidos caíram em julho para o menor nível em 10 meses, totalizando 7,18 milhões, segundo dados do relatório de abertura de vagas (Jolts) divulgado pelo Departamento de Estatísticas do Trabalho (BLS). O número revisado para baixo indica uma redução de 7,36 milhões em junho, mesmo assim abaixo da estimativa de 7,38 milhões, apurada em pesquisa da Bloomberg com economistas.
Setores responsáveis pela redução de vagas
A diminuição foi impulsionada principalmente pelos setores de saúde, comércio varejista, lazer e hospitalidade, sendo que as vagas na área de saúde atingiram o menor nível desde 2021. “A queda nas vagas de emprego parece estar concentrada em duas áreas: saúde e assistência social e governos estaduais e locais”, afirmou Neil Dutta, chefe de pesquisa econômica da Renaissance Macro Research. “Se perder essas áreas, o crescimento do emprego tende a desacelerar ainda mais.”
Reação do mercado financeiro à divulgação
Após a divulgação dos dados, os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA recuaram, enquanto o índice S&P 500 permaneceu em alta. “Os investidores interpretaram os números como um sinal de cautela no mercado de trabalho”, observa Stuart Paul, economista da Bloomberg Economics.
Perspectivas do Federal Reserve
De acordo com analistas, a tendência de desaceleração no mercado de trabalho reforça a expectativa de que o Federal Reserve (Fed), banco central americano, reduza a taxa de juros em um quarto de ponto percentual ainda neste mês. O presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou no mês passado que “os riscos de queda para o emprego estão aumentando”, sinalizando maior atenção à saúde do mercado de trabalho.
Dados adicionais do mercado de trabalho
O número de demissões subiu para o nível mais alto desde setembro, refletindo dispensas na construção civil. Em contrapartida, a contratação aumentou ligeiramente, mantendo a proporção de vagas por trabalhador desempregado em 1 para 1, um dos níveis mais baixos desde 2021. Segundo Stuart Paul, essa proporção indica que tanto a demanda quanto a oferta de trabalho estão caindo, reforçando a desaceleração do mercado.
Implicações econômicas e expectativas futuras
Os dados sugerem que o mercado de trabalho, até então uma das principais forças impulsionadoras da economia, começa a mostrar sinais de enfraquecimento. Segundo Neil Dutta, “a demanda por mão de obra não é mais uma fonte significativa de pressões inflacionárias, e os números de julho provavelmente reforçarão essa percepção”.
Por ora, o mercado mantém expectativas de que a política monetária será ajustada para diminuir juros, visando evitar maior desaceleração econômica, enquanto os formuladores de políticas continuam atentos às próximas movimentações do mercado.