A Comissão Europeia anunciou que apresentará nesta quarta-feira (3) o acordo de livre comércio com o Mercosul para aprovação, após quase 25 anos de negociações. O entendimento foi fechado em dezembro do ano passado entre a União Europeia e os países do bloco do Cone Sul, formado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai.
Desafios e perspectivas do acordo com o Mercosul
O tratado será submetido à votação no Parlamento Europeu e a uma maioria qualificada entre os 27 países da UE, o que não garante sua aprovação. A proposta visa compensar perdas comerciais decorrentes das tarifas impostas pelo ex-presidente dos EUA, Donald Trump, e diversificar as relações comerciais da UE, especialmente com mercados emergentes.
Para os defensores, como Alemanha e Espanha, o acordo representa uma oportunidade de ampliar as exportações para o Mercosul, especialmente de carros, máquinas e produtos químicos, além de garantir o acesso a minerais essenciais para a transição verde, como o lítio, atualmente dependente da China.
Oposição e críticas ao acordo na UE
A França, maior produtora de carne bovina na UE, lidera a resistência ao entendimento, classificado por Paris como “inaceitável”. Agricultores europeus temem que o acordo permita a entrada de produtos sul-americanos que não atendem aos requisitos de segurança alimentar e critérios ambientais da UE. Segundo o link externo, grupos ambientalistas também criticam, como a organização Friends of the Earth, que chamou o acordo de “destruidor do clima”.
Há ainda o temor de que o tratado seja bloqueado no Parlamento ou pelos governos, sobretudo se países como Polônia e Itália se aliarem à França na oposição. As principais preocupações envolvem o impacto sobre os produtores locais e o meio ambiente.
Potenciais benefícios e estratégias na defesa do acordo
Por outro lado, os apoiadores da iniciativa veem o Mercosul como uma oportunidade de mercado crescente na América do Sul, além de uma fonte confiável de minerais estratégicos para a economia e sustentabilidade europeia. A redução de tarifas no setor agrícola também é destacada, com expectativas de maior acesso a queijos, presuntos e vinhos da UE na região.
Agora, o futuro do tratado depende do avanço das negociações no Parlamento Europeu, onde a maioria das forças políticas ainda se manifesta de forma dividida.