A cidade de Viterbo, situada na região do Lácio, na Itália, é palco de uma das tradições mais emblemáticas do país. Todos os anos, no dia 3 de setembro, a cidade se enche de luz e devoção com o transporte da “Máquina” dedicada a Santa Rosa. Este evento, que já foi reconhecido pela UNESCO como patrimônio imaterial da humanidade, não é apenas uma festa visual, mas uma expressão profunda de fé, história e identidade local.
A herança da Máquina de Santa Rosa
Segundo Cristina Pallotta, responsável pelo escritório de imprensa da Prefeitura de Viterbo, a Máquina de Santa Rosa é uma celebração que “une fé e povo”, e destaca a importância de vivenciar essa tradição em sua plenitude. A herança da Máquina remonta ao século XIII, mais especificamente a 1258, quando o corpo da santa foi transladado para o mosteiro de Santa Rosa, marcando o início de uma memória que perdura até os dias atuais. A cada ano, a comunidade local repete o rito, persistindo com a ideia de um carregador de uma estrutura vertiginosa em honra à santa, que se transformou na impressionante torre que conhecemos hoje.
Origem e significado da tradição
A tradição da Máquina de Santa Rosa tem suas raízes no relato de que, em vida, a jovem teve uma história de milagres e fé, tendo falecido aos 18 anos. Mesmo com sua breve vida, Rosa não apenas desafiou as normas de sua época ao solicitar abrigo num mosteiro, mas também deixou um legado de devoção intenso. Sua história é lembrada em Viterbo por milhares de peregrinos diários que veneram seu corpo, que atualmente repousa em uma urna transparente.
A Máquina “Dies Natalis” e suas características
Um elemento único da celebração é a própria Máquina. A cada cinco anos, ela ganha um novo design; o mais recente se chama “Dies Natalis”, desenvolvido pelo arquiteto Raffaele Ascenzi. Com cerca de 30 metros de altura e pesando 5 toneladas, a Máquina é portada por 113 facchini, que fazem a tarefa de carregar a estrutura pela cidade. O trajeto inclui ruas estreitas, onde 113 homens se organizam meticulosamente para cumprir essa tradição. A partir das 21h, as luzes das ruas se apagam, e a Máquina é iluminada, criando um espetáculo de luz e fé que percorre os lugares onde Santa Rosa viveu.
Os facchini: coração da celebração
O papel dos facchini na celebração é fundamental. Eles formam uma verdadeira instituição em Viterbo, regidos pelo seu “Sodalício dos Facchini de Santa Rosa”. O “capo facchino”, o líder do grupo, é a voz orientadora que guia o transporte da Máquina. Sua função é vital, já que os facchini que carregam o peso nas costas não têm visibilidade para o caminho devido à estrutura imponente que erguem. A coordenação durante o percurso, que abrange cerca de um quilômetro, culmina com um trecho em subida, onde participantes e espectadores compartilham um momento de intensa emoção.
A importância da tradição para a comunidade
Para os moradores de Viterbo, a celebração da Máquina de Santa Rosa vai além da simples devoção religiosa. Trata-se de um momento de união comunitária, de fortalecimento de laços e de uma manifestação cultural rica em história. Viterbo se transforma em um verdadeiro palco de fé e tradição, atraindo visitantes de diferentes regiões da Itália e do mundo, que desejam fazer parte dessa experiência única.
A tradição da Máquina de Santa Rosa é, portanto, um esplêndido testemunho da capacidade humana de unir fé, cultura e identidade. A cada 3 de setembro, a cidade de Viterbo reitera seu compromisso com o legado de sua padroeira, mostrando que, através da devoção, é possível manter vivas as mais profundas tradições e legados da história.